Steve Jobs mordeu a maçã proibida do conhecimento e permitiu à humanidade sair do mundo da ignorância. Otto Lara Resende, jornalista autor de memoráveis citações, ensinou que dentro de mim mora um velho, que não sou eu. Assim se resume o conflito gerado pela fronteira entre o novo conhecimento e a dificuldade em processar a novidade.
Em paráfrase a Castro Alves, é possível afirmar que bem-aventurado é aquele que distribui o novo saber e manda o povo pensar. Este é o desafio para que a nova geração do novo saber seja capaz de melhorar as relações de trabalho. Somos educadores, sobretudo neste momento de transformação. Sempre tivemos a experiência de ajudar o dever público na preparação de uma nova mão de obra. O serviço nacional que faz as aprendizagens profissionais no Brasil, o Senac, instituição da Confederação Nacional do Comércio, é uma iniciativa da livre propriedade privada, para requalificação de jovens na sociedade.
Acontece que, neste momento, estamos vivendo um instante solene de transformações nas relações de produção e comércio. É o minuto no relógio das modificações da humanidade, que, antes de completar uma hora, já está cobrando a adequação para os novos tempos. O tsunami econômico causado pela covid-19 potencializou investimentos das empresas pelo uso de recursos tecnológicos digitais. Entre as companhias brasileiras entrevistadas para uma pesquisa da KPMG, executada pela Forrester Consulting, que ouviu entre maio e julho 780 executivos, líderes de “estratégia de transformação digital”, de dez países diferentes, o resultado foi que 71% aceleraram suas estratégias de transformação digital por causa da pandemia, enquanto 67% aumentaram seus orçamentos para esse fim de forma significativa ou moderada.
Quando éramos adolescentes no século 20, nos alumbrava a ideia do que poderia ser o futuro. Houve um filme de ficção científica, Odisseia no Espaço, que tinha um computador maluco, Hall, que dirigia uma nave, matava pessoas e pensava melhor que os homens. Foi um assombro que magnetizou multidões. Pois bem, essa maravilha imaginada por Stanley Kubrick, hoje, seria substituída pelo processamento de um humilde celular.
Assim é o novo mundo: um processo que transforma a realidade pela ponta dos dedos. Suas digitais, sobre um teclado, cria o admirável universo digital. A maior produtividade e a redução de custos têm estimulado, cada vez mais, a troca da mão humana pela robotização física ou digital, com o uso, principalmente, de inteligência artificial. Um estudo da McKinsey calcula que 800 milhões de humanos perderão o emprego para os robôs até 2030.
Como Darwin já considerou em sua Evolução das Espécies, não sobreviverão os mais fortes, porém aqueles que melhor se adaptarem às mudanças. Esse é o momento em que o sonho de angústia da inovação cede lugar ao sonho para a sobrevivência. Entra, então, o Senac na vida dos que querem enfrentar os riscos das transformações. Perto de nós, em Brasília, no Distrito Federal, existe um belo projeto em andamento. O Centro de Inovação do Senac surgiu da ideia de estimular esse ecossistema e já produzir soluções tecnológicas para o comércio do Distrito Federal, em um ambiente acadêmico moderno e estruturado, com uma nova faculdade Senac de Tecnologia e Inovação, promovendo o empreendedorismo e atento às empresas e, consequentemente, às necessidades do mercado. O objetivo é ampliar a capacidade competitiva do empresariado local, preparando-o para os desafios presentes e futuros, impostos pelo avanço da inovação e da globalização.
Este centro de estudos foi inspirado nas melhores práticas do mundo, sobretudo no Centro de Inovação do Vale do Silício e no BIG Innovation Centre de Londres. A ideia é dar vida a conteúdos como inovações, startups e novas tendências. Assim que as aulas presenciais estiverem autorizadas, o Centro oferece um novo prédio, totalmente moderno, de acordo com a proposta de inovação e tecnologia do instituto, com área útil de 5.400 metros quadrados e seis pavimentos disponíveis para os alunos.
Essa mágica que pode acontecer pela ponta dos dedos tem segredos que não se aprendem nas escolas. Por mais que a tecnologia nos modifique, não devemos transformar nosso íntimo sentimento de humanidade. O enorme flagelo não é que máquinas pensem como humanos, mas que humanos passem a pensar como computadores, predisse o jornalista Sydney Harris. Precisamos inovar, mas nunca esquecer nossas delicadas emoções. Angustiado, Albert Einstein advertiu: “A sensibilidade do espírito humano precisa saber administrar a tecnologia”.
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