Negação
Após a leitura do artigo — Violência contra a mulher e o futuro da sociedade —, eu me senti na obrigação de complementar uma ideia pela situação que vivi numa escola de ensino fundamental em 2017. Foi a minha primeira experiência no contrato temporário. O que a Paula Cavalcante falou está de acordo com a nossa realidade, mas existe uma coisa que nos impede na educação, tanto pública quanto privada, que é a negação da família em tratar de forma verdadeira e humana os fatores e as mazelas sociais. Entre eles, a questão de gênero e feminismo. Tentei trabalhar dentro do currículo o tema “ética e cidadania”, numa Escola e fui informada pelo supervisor, com muito pesar, que, se eu levantasse essa questão, alguns pais fariam manifestações contrárias e arbitrárias do tipo: chamar o jornal da cidade para expor a escola. A vontade de se fazer um trabalho ético, sem preconceitos e, acima de tudo, didático é, muitas vezes, impedido pela família e é dela a responsabilidade da educação também nos termos legais. Nosso problema está na falta de conhecimento histórico, pois fomos formados pelo patriarcalismo estrutural e dele não conseguimos nos libertar. Só seremos libertos e conhecedores de nós mesmos quando soubermos de que forma fomos formados socialmente. A escola luta contra a ignorância, mas sem trabalhar a família e tirar dela as crenças limitantes e o estado de negação do conhecimento, nada adiantará. Infelizmente, é a escola quem leva a culpa da “doutrinação”, vista pela família. Enquanto não mudarmos o pensamento de nossos jovens e crianças, muitos cidadãos serão mortos ou atacados por questões de gênero, raça e etnia. É lamentável vivermos num Brasil que exclui, que não tolera, não ama e não se modifica por meio da dor e das dificuldades.
» Ruth Neiva Simões,
Brasília
Impeachment
Manchete da terça-feira: Bolsonaro peita Exército e barra nota contra Pazuello. Viva! Finalmente, o brioso deputado Arthur Lira sairá de cima dos mais de 100 pedidos de impeachment contra o insano, e tudo isso antes que alcancemos o recorde mundial de brasileiros mortos, vitimados pela incúria delirante dele!
» Lauro A. C. Pinheiro,
Asa Sul
Previsões
O magistral artigo A estreita senda da racionalidade (25/5) coloca as coisas no seu devido lugar, lembrando que as previsões dos acontecimentos devem seguir, ao mesmo tempo, a lógica, militar ou não, e a indispensável e impalpável intuição. Por isso, são meras previsões, que, a par das previsões do tempo, devem ser revistas a todo momento. Em suma, os acontecimentos e a realidade, conforme a física quântica, são probabilísticos. Così è si vi pare ( assim é, se lhe parece ser) preconiza a peça de teatro de Pirandello. Tudo depende de nós. Se quisermos, tudo será melhor, ou pior. Recomendo enfaticamente ao articulista a leitura da obra Os sete pilares da sabedoria, de Sir Thomas Edward Lawrence, coronel do Exército Britânico, mais conhecido como Lawrence da Arabia.
» Humberto Pellizzaro,
Asa Norte
Só crises
As eleições de 2018 racharam o país. De um lado, os petistas, com a imagem torpedeada pelos sucessivos escândalos de corrupção, inflados pela Operação Lava-Jato, tinha como alvo o ex-presidente Lula. De outro, a ultradireita, literalmente, capitaneada pelo capitão Jair Messias Bolsonaro. Para completar o círculo, os descrentes da política. No fim, petistas e bolsonoristas estavam na ponta da corda, tensionando o momento político. Agressivo, grosseiro e sem qualquer polimento, o capitão nadou de braçada na insatisfação da maioria da população e acabou sendo vitorioso na disputa pelo Palácio do Planalto. Imaginou-se que, fato consumado, ele adotaria um comportamento de reconciliação da nação, rachada, sofrendo com o desemprego em alta, a economia fragilizada e os problemas sociais em crescimento. Mas não foi o que ocorreu. Ele, com um discurso de ódio, trabalha para acirrar os ânimos, armar a população até os dentes e produzir crises diariamente. Agora, pela segunda vez neste semestre, fustiga as Forças Armadas. Insurge-se contra as regras do Exército para proteger o general Pazuello, que participou de ato político no último fim de semana, algo proibido pelas Forças Armadas, instituições de Estado, e não de governo. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica são de propriedade do capitão, que saiu pelas portas dos fundos da corporação verde-oliva. São forças do Brasil. Na prática, ele reabre mais uma crise com os militares, também divididos pelo seu comportamento repróvavel, que levou o Brasil à condição de “pária” entre as nações. O que virá por aí? Qual será o futuro deste país que se aproxima de 500 mil mortos pela epidemia?
» Evaristo Carvalho,
Lago Norte
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