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Visto, lido e ouvido

Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br
postado em 26/05/2021 22:35 / atualizado em 26/05/2021 22:36

No meio do estouro da boiada que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, queria ver irromper cancela adentro pela floresta amazônica, Pantanal e outros biomas do país, como justificativa para derrubar os entraves burocráticos que dificultam atividades econômicas extrativistas nessas áreas, o que ninguém sabia, até então, é que, entre essa manada desgovernada, estava passando, também, sob o olhar maroto e displicente das autoridades do ministério, contrabando facilitado de madeira e outros ilícitos com chancela oficial e tudo. É o que vem concluindo a Polícia Federal em suas investigações mais recentes, que afirma, inclusive, já ter provas sobre esses fatos.
Caso essas investigações consigam vencer as barreiras normalmente impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando se trata de investigar autoridades com foro e outras blindagens privilegiadas, assistiremos, talvez pela primeira vez, o protagonismo daqueles que teriam como obrigação legal e moral proteger o meio ambiente transmutado em arrecadadores do butim oriundo de crimes diversos contra nosso bioma.
De cara, o que o bom senso recomendaria seria que o próprio ministro pedisse um afastamento temporário até a conclusão das investigações, como forma de proteger o governo e a imagem já por demais chamuscada do país perante um mundo que acompanha de perto esses fatos.
O problema com um caso tão escabroso como esse é que um possível aprofundamento dessas investigações deverá levar, necessariamente, a outros próceres ligados ao governo, dentro e fora do Executivo, podendo vir a relacionar, também, membros da tão polêmica bancada do boi dentro do Congresso. Trata-se, aqui, de um escândalo de boa proporção, capaz, inclusive, de ofuscar a CPI da Covid.
As providências necessárias e urgentes que cabem ao governo adotar daqui para frente, como meio de impedir que esses fatos ganhem maior dimensão, mostrarão ao país e ao mundo de que lado está o Executivo nessa querela envolvendo madeireiros, garimpeiros e outros destruidores de nosso bioma e a proteção do patrimônio natural de todos os brasileiros. Por si só, o afastamento cautelar e a quebra de sigilo pedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, de toda a cúpula do Ibama, dentro da Operação Akuanduba da Polícia Federal, já deveriam ter acendido a luz vermelha dentro do Palácio do Planalto, o que, aparentemente, não ocorreu até o momento.
O governo faz cara de paisagem para o assunto, como forma de aparentar despreocupação. Sintomático nesse episódio é que Salles não quis entregar seu celular para os investigadores, trocando em seguida o número e o aparelho. Também chama a atenção da PF e dos órgãos de fiscalização a movimentação financeira observada, nesses últimos tempos, no escritório de advocacia que o ministro mantém em sociedade com a mãe. Por outro lado, é fato, também, e as investigações mostram isso, que a demissão do superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, foi motivada por uma notícia-crime feita por esse profissional contra o Salles por organização criminosa e favorecimento a madeireiros.
Outro fato divulgado sobre as investigações mostra que o ministro, com o presidente do Ibama, orquestrou demissões daqueles técnicos que se opuseram à conduta do órgão em favor dos madeireiros. Enquanto outros servidores, que fecharam os olhos para esses ilícitos, foram promovidos de cargo. No braseiro que vai se transformando nossas florestas, na atual gestão, o que parece é que a batata do ministro do Meio Ambiente está sendo claramente assada.


A frase que foi pronunciada
“O que espanta não é a loucura que vivemos, mas a mediocridade dessa loucura. O que nos dói não é o futuro que não conhecemos, mas o presente que não reconhecemos.”
Mia Couto, escritor e biólogo moçambicano


Insano
» Agora imagine o que se passa na cabeça de um foragido da polícia que se inscreve para o concurso da Polícia Federal sonhando em ser agente, delegado, escrivão, papiloscopista da corporação. É ter muita certeza da impunidade. Graças à organização do certame, todos foram discretamente dirigidos ao fim da liberdade.

É fake
» Governo não vai congelar aposentadoria.
Veja no Blog do Ari Cunha.


História de Brasília
Com isto, não haverá mais concurso este ano. Haverá, isto sim, aproveitamento melhor das professoras pertencentes atualmente à Fundação.
(Publicado em 02.02.1962)

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