Fome
Os serviços de saúde e relatórios oficiais usam vários eufemismos para designar a fome e seus efeitos: carência alimentar, desnutrição proteico-calórica, subnutrição, marasmo. Em graus extremos, caquexia, definhamento, inanição. Foi Josué de Castro quem lhe apontou o verdadeiro nome, localização, causas. Sua Geografia da fome estarreceu o mundo e chegou a ser traduzida em 25 idiomas. Inicialmente ele se deteve na observação do comensalismo entre caranguejos e moradores dos mangues, que se confundiam na mesma lama negra, em busca de sobrevivência. Divulgou aos quatro cantos do mundo que a fome é um flagelo que assola mais de 1/3 da humanidade e que suas causas são econômicas, sociais e políticas. A fome campeia o mundo, como um dos quatro cavaleiros do apocalipse social. Os outros têm nomes correlatos: superpopulação, desemprego, violência. Nos ambulatórios de pediatria, as queixas invariáveis são: tontura, dor de cabeça, dor na “boca do estômago”, pesadelos. A doença dessa gente é fome!, dizia Josué de Castro. Desde o século 16, Thomas Morus, em sua Utopia, afirmava ser mais benéfica para a população a criação de restaurantes populares do que de hospitais. Seria mais proveitoso, mais saudável e mais barato juntar, nos postos de saúde e UBS, a fome com a vontade de comer. Espaços de convivência, onde mães e suas crianças pudessem receber noções de higiene, com lugar para tomar um banho e descansar da fadiga e da eterna espera que caracteriza a pobreza. A raiz etimológica de hospital e hospedaria é a mesma: hospedar, acolher. Cestas básicas não resolvem, porque também faltam o fogão, o gás, a casa. As forças da exploração e do poder econômico, nessa pandemia, acentuaram a divisão de classes em duas: quem come e quem não tem o que comer. Estes dependerão, cada vez mais, de programas sociais ou da caridade, sem direito de escolha. Fome é um prato que se come — geralmente — frio.
» Thelma B Oliveira,
Asa Norte
Mordaça
Estamos vivendo um cabo de guerra entre a anarquia e a hierarquia dentro das Forças Armadas, especialmente no Exército. Quando o presidente passa o microfone para um general da ativa num palanque político, ele induziu e se associou à quebra de disciplina e da hierarquia. Por causa disso, impediu que o Ministério da Defesa e o Comando do Exército divulgassem uma nota oficial anunciando que fora aberta uma sindicância para investigar a atitude do general Pazuello. Nos próximos dias, os chefes militares continuarão calados, mas nos bastidores há uma reação dos membros do Alto-Comando do Exército, que exigem punição. Ela virá e será registrada oficialmente, mesmo que não tenha divulgação pública. Não há dúvida de que a decisão, que pode ser advertência, censura, suspensão, até 30 dias de cadeia, vazará, para que a opinião pública tome conhecimento, não apenas os membros das Forças Armadas. A cada vez que Bolsonaro se sentia atingido por uma decisão do Congresso ou do Supremo Tribunal Federal (STF), cobrava dos comandantes declarações públicas de apoio e não foi atendido. Ocorreu que os comandantes das Forças Armadas foram demitidos recentemente, além do ministro da Defesa, porque tinham comportamento técnico e se negavam a dar demonstrações públicas de apoio político ao presidente Bolsonaro. Temos exemplos de golpes militares, mas a favor da democracia, quando outrora um militar da linha dura tentou impedir a posse de um presidente eleito pelo voto direto, houve um golpe militar para garantir sua posse. Qual Exército teremos em 2022?
» Renato Mendes Prestes,
Águas Clara
Economia
O Brasil novamente terá um baixíssimo crescimento econômico este ano, apesar das promessas do “todo poderoso” ministro da economia. O que ocorre é que o investimento no Brasil é muito pouco, tanto o público quanto o privado. O governo precisa investir mais na geração de empregos e incentivar o setor privado a fazer o mesmo, se quisermos ter um crescimento econômico melhor nós próximos anos!
» Washington Luiz S. Costa,
Samambaia
IPTU
A Secretaria de Fazenda do DF está constrangendo os contribuintes com e-mails ameaçando a colocação de seus nomes na dívida ativa no dia seguinte após o vencimento do IPTU. Medida desesperada que visa constranger quem paga em dia. Deveria, sim, cobrar as dívidas vencidas dos grandes contribuintes, empresas e pessoas físicas que devem milhões ao GDF. Já pagamos a mais alta carga tributária do país e nos incomoda essa cobrança desesperada. Vale lembrar que o IPTU só vence ao fim do exercício. Agindo co m mesma força agressiva, a Secretaria, em ato ilegal e imoral, está cobrando de algumas residências área coberta não edificadas (varanda) como área construida. Não existe lei distrital autorizando tal cobrança. Esperamos que os deputados distritais, mesmo os aliados, o Tribunal de Contas omisso e o Ministério Público apurem e cessem essa extorsão contra os contribuintes. Vergonha de governo!
» Erica Maria Oliveira,
Asa Sul
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