Decisão recebe críticas de entidades e políticos

Correio Braziliense
postado em 02/06/2021 06:00

Entidades sanitárias e políticos criticaram a decisão do presidente Jair Bolsonaro de aceitar sediar a Copa América no Brasil. Em uma carta enviada ao Fórum dos Governadores, o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) pediu que os gestores rejeitem partidas nos estados.


“Como os grandes eventos revelam-se extremamente importantes para a disseminação do vírus e determinam a necessidade de medidas extremas dos gestores para tentar conter a doença em seus territórios, este Conselho Nacional de Secretários de Saúde entende absolutamente inoportuna e desaconselhável a realização de quaisquer campeonatos esportivos capazes de propiciar vários pontos de aglomeração”, diz o documento assinado pelo presidente do Conass, Carlos Lula.


Na avaliação de parlamentares, o Brasil deveria ter seguido o exemplo da Argentina, que abdicou de ser a sede da Copa América por causa da pandemia. Integrante da CPI da Covid, o senador Humberto Costa (PT-PE) alertou para a quantidade de pessoas, além das delegações das 10 seleções que participarão do evento, que devem vir ao Brasil em decorrência do torneio.


“O Brasil aceitou promover esse evento, cujo protocolo tem exigências de oferta de serviços públicos que, neste momento, o país não tem condição de fazer. Por exemplo, virão delegações de atletas, de torcedores, de dirigentes, de gente da imprensa que vem cobrir. Isso significa que nós teremos de garantir, além de segurança, leitos hospitalares, atendimento à saúde, coisas que estão faltando para a população brasileira”, observou.


Também contrário à decisão, o senador Otto Alencar (PSD-BA), outro titular da CPI, frisou que o país está prestes a presenciar uma terceira onda de infecções e mortes pela pandemia e a “passar a uma condição de total descontrole na questão da disseminação da covid-19”. “É um momento difícil. Já existe uma saturação muito grande de equipamentos de proteção individual, falta de kit de intubação, de insumos, saturação dos profissionais de saúde. É lamentável, por exemplo, um médico dar um plantão e, no final, assinar 10 atestados de óbitos dentro do hospital”, ressaltou. “A situação chegou a esse nível. O que o Brasil precisa realmente é trabalhar essas vacinas, vacinar e imunizar o povo.”


Na sessão de ontem da CPI, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), pediu ao atacante Neymar, principal estrela da Seleção Brasileira, que se recuse a jogar o torneio no país. O senador disse que o evento será um “campeonato da morte” e reclamou que “é inacreditável que o governo federal queira sediar a Copa América no exato momento em que a pandemia se agrava e enchem, como nunca, os nossos cemitérios, as nossas UTIs”.


Já o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) destacou que o assunto não deveria ter sido politizado. Segundo ele, a disputa do torneio no país pode ser importante para a saúde mental dos brasileiros. “O futebol é, muitas vezes, o único lazer que o brasileiro tem no momento de hoje. É momento de tristeza, sim, com o que a gente vive no país. Mas você vai tirar a única alegria que deixa as pessoas em casa? Então, não vejo motivos para se interromper algo que a gente devia celebrar”, frisou. (AF e IS)


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