OPINIÃO

Artigo: Um canal de socorro

Cida Barbosa
postado em 10/06/2021 06:00

A confiança na professora fez uma menina, de 10 anos, revelar que estava sendo abusada sexualmente pelo próprio pai, em Ipatinga (MG). O agressor aproveitava os momentos em que estava sozinho com ela para praticar a violência. A docente rapidamente acionou o Conselho Tutelar. Avisada, a Polícia Militar prendeu o canalha. Ele já tinha passagem por furto e lesão corporal.

A criança, assustada e depressiva, mantinha silêncio sobre os abusos porque era ameaçada pelo predador sexual. Essa é uma das marcas dos covardes: tentar esconder o crime por meio de intimidação da vítima. Diante da professora, porém, a menina se sentiu segura para fazer o relato. Nem todas as crianças que sofrem abusos físicos, psicológicos e sexuais conseguem agir da mesma forma.

Mas, se não verbalizam, emitem sinais de que estão em profundo sofrimento. Elas mudam de comportamento bruscamente, ficam mais regressivas ou agressivas, têm alterações súbitas de humor, demonstram baixa autoestima e insegurança, involuem nos estudos, entre outros indicativos. E profissionais de educação são capazes de identificar e denunciar a violência. Daí porque a escola integra a rede de proteção a meninos e meninas.

Infelizmente, em mais de uma dezena de estados e no DF escolas estão fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus. Afastados das salas de aula, crianças e adolescentes molestados estão perdendo esse canal de socorro. Eles seguem confinados com os agressores, vulneráveis aos abusos, sem meios de pedir ajuda.

Se o país não fosse comandado por negacionistas da trágica crise sanitária, já teríamos avançado bastante na vacinação, e a realidade, hoje, poderia ser diferente. É provável que as escolas já estivessem em funcionamento.

Este período sombrio, portanto, exige mais atenção de todos nós. Quem souber ou tiver suspeita de violência contra crianças e adolescentes pode denunciar em delegacias e Conselhos Tutelares, assim como pelo Disque 100, app Direitos Humanos ou no site da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ouvidoria.mdh.gov.br/), que funciona 24 horas, inclusive em feriados e fins de semana. Uma atitude nossa pode fazer a diferença na vida de meninos e meninas alcançados pela covardia.

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