Após férias no campo, onde ainda se vislumbra a real possibilidade de vida próspera e feliz, observando operários em harmoniosa comunhão com a natureza, basta uma semana de volta a Brasília para suspeitar do destino da humanidade. No concreto duro e frio da capital, a maldade jorra dos palácios à periferia – de mentiras genocidas a ataques covardes de puro terror.
Enquanto o capitão do país segue a niilista jornada, alimentando a discórdia, propagando informações fraudulentas, incentivando a ignorância e o preconceito, malfeitores sem patente espalham pânico na madrugada de trabalhadores que parecem perder até o direito a uma noite de sono tranquila. Como escapar a tamanha dor? Existirá cura para tanta doença, uma vacina que afaste essa cruel realidade?
Sob constantes ataques, corrompidas internamente por gente de moral duvidosa e ganância sem limites, instituições titubeiam diante à missão de organizar e manter a paz social. Falsos mitos elevados por idolatria pagã suscitam a desordem e gracejam perante o luto de uma nação. Faltam ética e estética, sobram truculência e contradições. Um cristianismo belicoso e desprovido de compaixão agrega devotos em uma cerimônia regada pelo sangue de povos nativos, de negros e brancos pobres, de mulheres e crianças sem proteção. Os adoradores da seita fingem não ver, mas são cúmplices e prestam tributos à tragédia. A justiça, ainda que tardia, haverá de alcançá-los.À espera por dias melhores, sonhando com um futuro digno para os filhos em uma terra que cumpra a promessa ancestral de fartura e sossego, famílias são reféns do medo, de uma violência crescente e indomável. Homicidas, estupradores e ladrões se multiplicam como vermes no esgoto, invadem residências, saqueiam o fruto do suor de mãos que pelejam sob o Sol — levam trevas aos dias das comunidades. Não há polícia que dê jeito. As escolas estão vazias, um novo cemitério será inaugurado.
Mas orações proclamadas em silêncio acalentam a esperança. Perante um altar solitário iluminado por vela de chama trêmula, a fé inabalável fortalece o trabalho dos que anseiam por virtude e verdade. O espírito, jovem ou ancião, que busca sentido para existência percebe valores acima das contas bancárias, descobre o poder na força do amor e transforma área degradada em terreno fértil. É preciso seguir viagem, entregar-se à estrada, apreciar a caminhada e nada esperar.
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