Desde 27 de dezembro do ano passado, a vida de três mães de Belford Roxo, no Rio de Janeiro, se transformou em um tormento permanente. Naquele dia, os filhos delas, Lucas Matheus, 8 anos; e Alexandre e Fernando Henrique, de 11, desapareceram quando saíram para jogar bola. Hoje, quase seis meses depois, essas mulheres seguem angustiadas pela ausência dos meninos e pela falta de informações. Não sabem como as crianças estão, se passam fome ou dor. E ninguém é capaz de aplacar esse sofrimento.
A polícia tem mais perguntas do que respostas. A mesma polícia que demorou a iniciar a investigação, quando se sabe que o tempo trabalha contra em casos de desaparecimento. A mesma polícia que faz as apurações em ritmo lento. A mesma polícia que, supostamente, analisou o conteúdo de câmeras de segurança e não conseguiu identificar as crianças — o Ministério Público, porém, requisitou o material e encontrou imagens dos três andando por um bairro vizinho, o que se tornou a principal evidência da investigação.
E foi essa polícia que causou ainda mais revolta nas mães ao anunciar que apura se os meninos foram sentenciados pelo tribunal do tráfico por terem roubado a gaiola de pássaros de um bandido. Nessa “Corte” de criminosos, o “réu” é julgado, sentenciado e torturado e/ou assassinado. As três ficaram indignadas com a hipótese. Para elas, o fato de os filhos serem pretos e pobres fez com que surgisse essa versão, rotulando os três de “ladrões”.
Esse novo capítulo sombrio se junta ao compilado de omissões e preconceito que marca o caso. O drama desses três meninos não recebeu, em nenhum momento, a devida atenção do poder público. É inadmissível que, após tanto tempo, o caso siga mergulhado na obscuridade.
A Defensoria Pública do Rio se reúne com os investigadores uma vez por mês! Dá para acreditar? E o governo federal, então? Ontem, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, postou nas redes sociais: “Estamos em busca dos desaparecidos. A política de busca de pessoas desaparecidas é uma grande entrega e desenvolvida pelo MJ (Ministério da Justiça) e o MMFDH. Se você sabe de alguém com parente desaparecido, oriente buscar a Polícia Civil para informações sobre coleta de DNA”. Há três crianças desaparecidas no Rio de Janeiro, ministra. São quase seis meses sem uma solução. Qual tem sido o papel do Estado? Os familiares das crianças precisam e têm direito a respostas.
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