Eriksen, Cristiano Ronaldo, Pogba, Messi, Neymar, Uefa e Conmebol são marcas valiosas do futebol. Cada uma tem suas narrativas para o bem e/ou para o mal.
Eriksen foi protagonista da cena mais angustiante do ano no esporte. O médico Morten Boesen revelou que o craque da Dinamarca estava morto e reviveu no gramado após sofrer parada respiratória contra a Finlândia na Eurocopa. Como a Uefa tratou a grife Eriksen? Prestou socorro, subiu a placa de substituição — como se estivesse trocando garrafas pet descartáveis — e mandou o show continuar depois de 1h48 de paralisação.
Aí veio Cristiano Ronaldo. Com a imagem vinculada a 11 marcas, o jogador eleito cinco vezes melhor do mundo tirou de cena garrafas de Coca-Cola e defendeu o consumo de água antes da entrevista oficial da Uefa. Amaram e odiaram o Cris. Perguntinha: por que ele não afasta os frascos da cerveja Sagres nas conferências de imprensa da Federação Portuguesa?
Vou além: CR7 coleciona carros. Tem três Ferrari, dois Lamborghini, dois Bugatti, dois McLaren, dois Rolls-Royce, um Porsche, um Koenigsegg, um Bentley, um Range Rover, vários Audi e um Mercedes. Esperando o discurso do gajo em uma dessas conferências climáticas pelo uso de bicicleta em nome da redução da emissão de gás carbônico.
Pogba tirou garrafinhas de Heineken da entrevista da França. É muçulmano. Não bebe. Rejeita associar a imagem à marca. Também surgiram escudeiros das marcas. De seleções do Leste Europeu! Ucranianos e russos saíram em defesa da Coca-Cola e da Heineken.
Mais surpreendente do que a inversão de valores e ideologias, só a reação da Uefa. Insensível, a entidade desrespeitou a marca Eriksen ao retomar a partida enquanto uma vida estava em jogo e cobrou das 24 seleções respeito aos patrocinadores, “essenciais para a concretização do torneio e a garantia do desenvolvimento do futebol em toda a Europa”.
Na Copa América, Messi, eleito seis vezes melhor do mundo, reclamou da qualidade do gramado do estádio Nilton Santos, no Rio. Está certo. Ele não é uma marca qualquer. Neymar chorou depois da vitória sobre o Peru. Talvez em defesa dele, uma marca desrespeitada e desvalorizada pela autossabotagem devido às denúncias de assédio sexual.
No mundo pandêmico, luta-se pela sequência de jogo em meio ao risco de morte; briga-se com uma marca de refrigerante ou de cerveja; pelo respeito a patrocinadores; por gramado decente; por retoques em imagem arranhada; e ignora-se o valor da grife mais frágil e preciosa: a vida. Não há vírus ou narrativa de marca que pare a Euro e a Copa América.
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