OPINIÃO

Artigo: A mudança no cenário de pagamentos na América Latina

Correio Braziliense
postado em 22/06/2021 06:00

Por JUAN D’ANTIOCHIA — Vice-presidente da Worldpay from FIS para a América Latina

Quando a pandemia da covid-19 começou, milhões de consumidores e as empresas que os atendiam precisaram adotar rapidamente novas formas de realizar pagamentos. Alternativas, como carteiras digitais e transferências bancárias, rapidamente se tornaram opções vitais à medida que as desvantagens do uso do dinheiro só cresciam. Em uma região historicamente dominada por pagamentos físicos, como a América Latina, essa não era uma tarefa simples.

Hoje, é fundamental que os comerciantes adotem as tecnologias e os pagamentos que melhor atendam às necessidades de seus atuais e potenciais clientes. Em um cenário onde o processamento de pagamentos continua em evolução, a importância do pagamento parcelado, por exemplo, e a influência dos órgãos reguladores moldam o mercado da América Latina.

Vivemos um momento singular na história mundial que tem impacto na vida de toda a sociedade. No cenário de pagamentos, a pandemia levou consumidores a priorizarem opções de pagamento digitais, incluindo cartões de crédito, de débito e, cada vez mais, carteiras digitais. O resultado foi que o pagamento físico caiu drasticamente na América Latina, encolhendo mais de 34% em 2020 em relação a 2019.

A pandemia tornou os pagamentos digitais essenciais, forçando os consumidores a deixarem de lado preconceitos. Contudo, o hábito e a cultura do dinheiro físico seguem fortes na região, e este deverá seguir como a principal forma de pagamento no ponto de venda na próxima década na América Latina. Isso porque os consumidores têm evitado historicamente os pagamentos eletrônicos devido ao risco de fraude. O dinheiro físico acaba sendo um método de pagamento necessário. Do lado do comerciante, há um equívoco de que é mais barato aceitar dinheiro, porque não há taxas associadas.

Embora a América Latina tenha a menor aderência às carteiras digitais em comparação com outras regiões, o cenário está mudando. Até 2019, representavam apenas cerca de 2% das compras em loja. Durante a pandemia, esse número triplicou para mais de 6%. Antes da Covid-19, as carteiras digitais eram quase 14% dos checkouts on-line. Como os consumidores passaram a comprar mais virtualmente, seu uso para checkouts on-line aumentou 46%.

A América Latina também tem observado um aumento nas transações de pagamento em tempo real. Essa infraestrutura de pagamento facilita o carregamento de dinheiro em carteiras digitais, reduzindo o custo de processamento do pagamento por carteira digital e móvel para o beneficiário. As transferências bancárias permitem pagamentos de consumidor para consumidor e empresa para empresa a taxas mais baixas às alternativas já existentes.

Complementam esse movimento de formas pagamentos a regulação. Embora suas abordagens sejam diferentes, os reguladores em toda a América Latina buscam objetivos comuns: reduzir os custos de aceitação, aumentar a segurança do pagamento e promover conveniência para os consumidores. Ao nosso olhar, os bancos centrais e órgãos reguladores estão seguindo a direção certa ao facilitar a adoção de pagamentos digitais. Reguladores do Brasil, Argentina, México e outros países estão tentando quebrar monopólios ou duopólios para promover a concorrência e garantir um cenário de processamento de pagamentos ainda mais competitivo.

Por fim, notamos que oferecer parcelamento é essencial para que os lojistas continuem atuando na região, porque impulsiona as vendas. A oferta de pagamentos parcelados exige que os comerciantes adquiram uma solução no mercado doméstico ou usem alguma solução híbrida. Outro impedimento para as vendas on-line é não considerar vendas fora das fronteiras de seus países.

Os consumidores que compram on-line esperam que os comerciantes sejam fluentes em seu idioma local, mostrem os preços na moeda local e aceitem os métodos de pagamento que os consumidores usam com mais frequência. As empresas precisam entender que as compras internacionais são complexas. Quando você considera o câmbio de moeda e sobretaxas, oferecer o mix de pagamento correto aos consumidores pode ser complexo, portanto, requer um parceiro experiente para navegar no pacote de processamento de pagamento mais adequado.

Reservar um tempo para pesquisar o cenário local antes de entrar no mercado ajudará a impulsionar as taxas de autorização, aumentar as vendas e estabelecer uma base para o sucesso de longo prazo nesta região crescente, dinâmica e vital. Notamos, então, que presenciamos uma verdadeira mudança no cenário de pagamentos na América Latina.

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