A CPI da Covid teve uma guinada importante na última semana. Ao focar a investigação sobre o contrato bilionário de compra da Covaxin, uma vacina indiana ainda sem o aval da Anvisa, senadores têm a oportunidade de esmiuçar o que pode ser o grande escândalo em relação à gestão da pandemia do novo coronavírus. Diante dos indícios de irregularidades, faz-se necessário focar a apuração em temas-chaves, por isso, considero a existência de duas perguntas fundamentais que precisam ser respondidas.
A primeira delas é saber porque o Ministério da Saúde deixou de lado vacinas mais baratas, como a da Pfizer e a própria AstraZeneca, e reservou R$ 1,6 bilhão para a aquisição de um imunizante mais caro e sem aprovação da agência reguladora no Brasil. Um dos princípios da administração pública é a eficiência. Então, se havia vacina mais barata sendo ofertada, e que ainda contava com o aval da Anvisa, há o desperdício de dinheiro da sociedade ao se optar pela mais cara. De quem foi a ordem para comprar a Covaxin?
O segundo ponto é sobre a intermediação do contrato em si. Pelo que consta, até agora, todas as outras compras de vacina foram feitas diretamente entre o governo federal e o fabricante. Por que, nesse caso, houve uma intermediária? É necessário rastrear as relações da empresa com servidores e comissionados do Ministério da Saúde. E que a pasta dê uma resposta sensata e plausível para negociar com intermediários. Que tal a CPI levantar quantos países compraram a Covaxin, quanto pagaram e se a negociação ocorreu direto com o fabricante? É um bom ponto de partida.
Hoje, a CPI da Covid deve ouvir o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e o irmão autor de parte das denúncias. O depoimento deles é cercado de expectativa, porque vão falar para todo o país detalhes que sabem sobre a negociação. Veremos muito bate-boca entre governistas e oposição. Faz parte da regra do jogo. O importante é que as respostas sejam dadas ao nebuloso negócio de compra da Covaxin.
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