Quem é o culpado?
O que você pode esperar de um país em que pelo menos um em cada três membros do Congresso Nacional (algumas contas, mais pessimistas, estimam que o total possa passar dos 40%) responde a algum tipo de processo criminal perante a Justiça, um caso sem similar no resto do planeta? Isso é só uma parte do problema. Roubava-se tanto na Odebrecht, nos governos Lula e Dilma Rousseff, que a empresa achou necessário criar um departamento inteiro destinado unicamente a cuidar da corrupção de políticos e peixes graúdos da administração pública como diretores, gerentes, secretárias, sistemas de TI e tudo o mais que se precisa para tocar um negócio de prioridade máxima. Não é apenas o Congresso. Há, nesse mundo de treva, o resto dos políticos, no nível federal, nos estados e municípios. Há também outras empreiteiras de obras, empresários escroques, bancos com problemas junto a delatores e mais um montão de gente. Só se pode esperar disso tudo, na verdade, uma coisa: os mais extraordinários esforços, por parte dos criminosos, para manter as coisas o mais próximo possível da situação em que sempre estiveram. É positivo anotar, de qualquer forma, que o roubo do erário, no Brasil de hoje, está mais difícil do que jamais foi ao longo de seus 500 anos de existência. Quem é o culpado: os presidentes que roubaram, ou deixaram roubar, ou o sistema judicial que puniu alguns locupletadores do erário e a outros a benevolência já conhecida e aplicada pelo Jardim do Éden? Em tempo: todos em suas mansões usufruindo com deleite as benesses que o dinheiro proporciona.
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
Os extremos
A cada dia mais verdadeira se torna a afirmação de que os opostos se encontram. Antes de chegar ao poder, o PT garantia que não roubava nem deixava roubar. A Lava-Jato, apesar de todas suas falhas e conchavos em favor da ultradireita, mostrou que vários petistas cometeram graves deslizes, jogando por terra a, até então, máxima do partido: roubou e deixou roubar. Os escândalos mostraram o descalabro nas relações delituosas com empreiteiras e com vários outros ramos das atividades econômicas. Em resposta às mazelas expostas pela força-tarefa da Lava-Jato, reforçadas pelo discurso de ódio, os brasileiros elegeram o capitão Jair Bolsonaro, um homem sem o menor polimento ou educação, para comandar o país. Despreparado e sem a menor competência para o cargo mais elevado da República, ele prometeu manter a Lava-Jato, combater impiedosamente a corrupção e, ao primeiro sinal, afastaria o ministro ou auxiliar que estivesse sob suspeita e o exonaria se houvesse provas contra ele. A Lava-Jato foi pro brejo, com a sua bênção. Não foi rigoroso com Ricardo Salles, sob suspeita de contrabando de madeira ilegal da Amazônia. Segurou o antiministro do Meio Ambiente o quanto pôde. Os filhos estão encrencados até a raiz do cabelo em episódios cabulosos, como o da rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e compra imóveis com dinheiro vivo. Agora, não há dúvida de que o seu líder na Câmara, deputado Ricardo Barros, engenheiro e ex-ministro da Saúde no governo Temer, com um passado nebuloso, está envolvido no imbróglio da compra de vacina da Índia, a Covaxin, por valor exorbitante e sem aprovação da Anvisa. Um episódio escabroso, que coloca pedras no sapato do capitão. A corrupção caminha em direção à rampa do Planalto. Com pedras no sapato, o presidente, amador na gestão do país, se torna cada vez mais irritado e agressivo. O Brasil não é para amadores, principalmente em tempo de epidemia.
» Gilberto Borba,
Sudoeste
Inacreditável
É inacreditável. O Brasil poderá voltar às mãos daqueles que por quase 14 anos aprontaram o diabo a quatro no poder. Às vezes penso que estou vivendo um pesadelo. É de arrepiar. Por mais que queiramos achar que isso é impossível, pelo andar da carruagem, poderá acontecer. A arrogância, a grosseria, a prepotência, a insensibilidade e tantos outros substantivos que a pessoa pública não pode deixar que façam parte do seu dia a dia, serão os culpados por essa provável derrota.“Um raio pode, sim, cair mais de uma vez no mesmo lugar”. Terceira via já!
» Jeovah Ferreira,
Taquari
Tristeza
Muito triste a situação atual do nosso país. Assistimos ao golpe de misericórdia desferido pela Suprema Corte nas operações de combate à corrupção da Lava-Jato. Operações que trouxeram alento à população e a certeza de dias melhores. Decepcionante é saber que essa mesma turma, que potencializou a corrupção de uma forma nunca vista no país, está aí, novamente, sob a tutela de um ex-presidente, condenado em segunda instância, a postos para retomar as rédeas da nação.
» Vilmar Oliva de Salles,
Taguatinga
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