Com alguns meses de atraso, o governo iniciou uma campanha de conscientização para redução do consumo de energia elétrica no país. Nesta semana, o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez um pronunciamento em rede nacional pelo uso racional de água e energia. Ele lembrou que o último período de chuvas foi o mais seco dos últimos 91 anos, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, pressionando o sistema elétrico brasileiro.
Apesar do aspecto positivo da campanha, a demora em prever a crise hídrica e agir de forma preventiva e transparente acende o temor de racionamento de energia, como aconteceu em 2001, mesmo com o país hoje menos dependente da geração das hidrelétricas como era naquela época. E mais, o aumento no valor da bandeira vermelha para o patamar 2, a mais elevada do sistema, que reajusta a tarifa da conta de luz de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kW/h (quilowatt-hora) entre julho e dezembro deste ano, penaliza a população justamente no momento de dificuldades econômicas com o desemprego crescente e em meio à pandemia de covid-19.
Iniciar uma campanha quando os reservatórios já estão consideravelmente baixos, conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e com perspectiva desfavorável para os próximos meses, mostra uma lentidão nas ações que precisam ser tomadas. Se existe um monitoramento do nível dos reservatórios que chama a atenção para os riscos de desabastecimento de energia, faltaram ações preventivas.
Incentivar o consumo racional de água e energia deve ser uma pauta constante no país e fazer parte da estratégia governamental. Campanhas que estimulem economia e redução do desperdício são extremamente positivas e necessárias e precisam ser levadas para outras áreas, como a saúde. Na década de 1980, o personagem Zé Gotinha foi criado pelo Ministério da Saúde para encorajar as crianças na hora de se vacinar contra a poliomelite. A campanha deu tão certo que a doença foi erradicada do país e se estendeu também na imunização contra rubéola para adultos e na vacinação contra o vírus Influenza, para idosos.
No caso da covid-19, diante do ritmo de vacinação no país, onde pouco mais de 12% do público-alvo já está com as duas doses aplicadas e muitas pessoas se recusando a tomar a injeção por não acreditar na sua eficácia ou não voltando para a segunda aplicação, o Ministério da Saúde precisa fazer uma campanha intensiva de imunização.
Afinal, só com muita informação é possível quebrar o movimento antivacina e incentivar a população a dizer sim para o imunizante. Para isso, é preciso transparência e uma estratégia eficaz do governo de conscientização sobre a importância da proteção vacinal. Caso contrário, vamos continuar chorando as mortes e assistindo ao colapso do sistema público de saúde. O momento não é de discursos vazios, mas de ações efetivas e responsáveis.
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