Henry Borel, de 4 anos, vivia aterrorizado, sofreu seguidas sessões de tortura e foi brutalmente assassinado, mas a vítima, na verdade, é a “coitada” da mãe dele. Presa desde abril como cúmplice do massacre do filho, ela repete o discurso cínico de criminosos e se declara injustiçada no caso hediondo.
A entrevista que a mulher deu ao portal UOL, publicada nesta semana, é de uma desfaçatez impressionante. Ela se disse “destruída” pela falta do filho. Não. Destruído foi Henry, que sofreu 23 lesões provocadas pelo demônio covarde com quem ela vivia. Também afirmou que a vida dela “acabou”. Não. A vida acabou somente para o menino, e de forma cruel. A sessão de espancamento que sofreu provocou hemorragia interna e rompimento do fígado, como mostra o laudo da necropsia.
A presidiária chorou na entrevista. Mas quem chorou de verdade, por diversas vezes — um choro sentido de pavor e dor —, foi Henry. O martírio dele, no entanto, acabou ignorado.
A mulher chegou a questionar “como poderia imaginar” que a besta com quem vivia “tinha um plano tão diabólico, de tirar o meu filho de mim?” De fato, quem chegaria à conclusão de que o sádico que torturava o garotinho terminaria um dia por trucidá-lo?!
Na narrativa ao portal, reclamou que a mídia a “colocou numa situação muito difícil, porque me demonizaram como se eu fosse coautora dos atos contra meu filho”. A mídia? Ela foi indiciada, assim como o outro monstro, por homicídio triplamente qualificado, tortura, fraude processual e coação.
Há mais: afirmou que “demonizaram uma mãe vítima do próprio companheiro”. Um companheiro, diga-se, que ela tentou proteger em depoimento à polícia, alegando ter sido um acidente a morte do filho. Um companheiro que — segundo ela sustentou aos investigadores — não agredia a criança.
A detenta também contou, na entrevista, que, após a morte de Henry, passou a tomar antidepressivo e ansiolítico. Mas essa mulher que se coloca como enlutada foi a um salão de beleza logo após o enterro do filho — fez as unhas dos pés e das mãos e escovou o cabelo. É a mesma mulher que, antes de depor, experimentou vários looks, para tentar encontrar o ideal. A mesma que fez uma selfie na delegacia na qual aparece relaxada, com os pés sobre uma cadeira e sorrindo.
A cínica também disse que “foi a melhor mãe que meu filho poderia ter”. E contou que quer parir novamente. Uma grave ameaça, que, espero, não se concretize. Uma criatura assim — que não agiu para proteger uma criança indefesa, seu próprio filho, e tentou livrar o homicida — jamais deveria ter a capacidade de conceber uma vida novamente.
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