Visão do Correio

Artigo: Injeções de esperança

Correio Braziliense
postado em 11/07/2021 06:00

Pela quarta semana consecutiva, o Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz constata tendência de melhora nas taxas de ocupação de leitos de UTIs reservados a pessoas infectadas com coronavírus no Sistema Único de Saúde (SUS). No estudo, que abrange o período de 20 de junho a 3 de julho, a Fundação Oswaldo Cruz destaca que, pela primeira vez, não houve aumento nas taxas de incidência ou de mortalidade em nenhum estado. Além disso, ao divulgar o levantamento, na quinta-feira, a Fiocruz ressaltou que, nas últimas duas semanas, foram observadas quedas tanto no número de novos casos quanto no de mortes.

Otimistas com o avanço da vacinação, duas instituições financeiras reavaliaram para cima as projeções de crescimento do país para este ano. No mesmo dia em que a Fiocruz divulgou o boletim com a análise da pandemia, a equipe de analistas do Itaú Unibanco revisou de 5,5% para 5,8% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país), apesar do conturbado cenário político e da preocupante pressão inflacionária. Ainda antes do Itaú, na terça-feira, economistas do banco suíço UBS aumentaram a estimativa de expansão da economia de 4,5% para os mesmos 5,8%.

Além de elevar a expectativa de alta no PIB, o UBS considera que a volta do país à normalidade ocorrerá em setembro, antes do previsto pela maioria dos especialistas. Em relatório, o banco suíço se mostra surpreso com os resultados da imunização no Brasil e projeta que o país alcançará a imunidade coletiva — cita 85% das pessoas com mais de 30 anos vacinadas — até agosto. “Muitos meses atrás, atingir um número tão alto seria considerado muito otimista. No entanto, os resultados têm sido impressionantes até agora. Esperamos 38 milhões de doses aplicadas em julho e 46,5 milhões em agosto”, diz o documento.

Até ontem, o Brasil tinha cerca de 55% da população adulta vacinada com pelo menos uma dose e cerca de 20% totalmente imunizada contra a covid-19. Entre as unidades da Federação, Mato Grosso do Sul despontava na dianteira. Em torno de 70% dos habitantes do estado já receberam ao menos uma inoculação e aproximadamente 35% estavam com a imunização completa. Em seguida, no ranking da primeira injeção, até sexta-feira à noite, apareciam São Paulo (61,2%), Rio Grande do Sul (59,7%), Espírito Santo (58,2%), Amazonas (58%), Paraná (56,1%), Sergipe (54%), Santa Catarina (52,8%), Maranhão (52,5%), Ceará (52%) e Acre (50,6%). Minas Gerais tinha vacinado 48% com a primeira dose. E o Distrito Federal, 47,5%.

Apesar do crescente otimismo com a vacinação, especialistas advertem para o patamar ainda alto de contágio e de mortalidade no país. E chamam a atenção para o risco de disseminação da temida variante Delta no Brasil, onde mais de 530 mil pessoas já perderam a vida para o coronavírus. “Ainda não se pode afirmar que essa tendência é sustentada, isto é, que vai ser mantida ao longo das próximas semanas, ou se estamos vivendo um período de flutuações em torno de um patamar alto de transmissão, que se estabeleceu a partir de março em todo o país”, alertam pesquisadores da Fiocruz. Ou seja: ainda não é hora de os brasileiros relaxarem nas medidas de proteção contra a covid-19, como o uso de máscara e o distanciamento social. Quem baixar a guarda contra o vírus, neste momento, advertem, está colocando em risco a própria vida e a de pessoas próximas.

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