Foi uma semana italiana lá em casa. Não rolou gelato nem macarronada no menu. Massa, mesmo, foi assistir à cinebiografia O Divino Baggio, em cartaz no Netflix. Recomendo. Tenho as minhas críticas à produção de Ludovica Rampoldi e Stefano Sardo, dirigida por Letizia Lamartine, mas prefiro que você veja o filme e tire as suas conclusões.
Um dos temas abordados na película inspira a conexão deste texto com a recente conquista da divina Itália na Eurocopa. O filme aborda uma obsessão do ex-jogador do Vicenza, Fiorentina, Juventus, Milan, Bologna, Internazionale e Brescia, eleito Bola de Ouro (1993) pela revista France Football, e número 2 do mundo pela Fifa (1994), atrás de Romário.
Roberto Baggio, interpretado pelo ator Andrea Arcangeli, nasceu em 18 de fevereiro de 1967. Tinha três anos quando testemunhou o pai, seu Florindo (Andrea Pennacchi), sofrer pela tevê com a humilhação da Itália contra o Brasil, de Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo e Gérson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivellino, por 4 x 1, no México.
A criança teria prometido ao pai virar jogador de futebol e vingá-lo derrotando justamente o Brasil. O menino não cumpriu o voto inocente. Dos 56 jogos de Baggio pela Squadra Azzurra, dois foram contra a Seleção Brasileira. Perdeu o amistoso de 1989, em Bologna, por 1 x 0, e a final da Copa de 1994, nos EUA. Errou o pênalti e consumou o tetra verde-amarelo.
Como prometi e, ao contrário do craque, vou cumprir, não darei mais detalhes sobre a cinebiografia. Troco O Divino Baggio pela Divina Itália campeã da Eurocopa. A bela seleção de Roberto Mancini, elogiado nesta coluna, em 26 de junho, por ter formado a comissão técnica com símbolos vitoriosos da era dourada da Sampdoria, deve desembarcar no Catar, em 2022, como maior ameaça ao império de quase 60 anos da Seleção Brasileira.
O Brasil é recordista de títulos da Copa, sozinho ou acompanhado, desde 1962, quando igualou Itália e Uruguai. Depois dali, foi o primeiro tri, tetra e penta do Mundial. A Itália passou a correr atrás. Igualou o tri do Brasil em 1982, o tetra em 2006 e tem tudo para alcançar o penta depois de uma produção cinematográfica.
A Itália ficou fora da Copa de 2018, na Rússia. Três anos depois, é campeã da Euro. Tentará, daqui a 492 dias, o que somente dois países alcançaram: conquistar o título continental e mundial em sequência. A Alemanha protagonizou isso em 1972 e 1974. A Espanha, em 2008 e 2010.
Baggio e Mancini foram companheiros na Copa de 1990. Anfitriões, amargaram o terceiro lugar dentro de casa. A comissão técnica da Squadra Azzurra tem ex-jogadores. Acho isso um barato. Então, por que não unir O Divino Baggio e a Divina Itália, de Roberto Mancini, na Copa de 2022? Que tal convidá-lo para fazer parte da expedição rumo ao Oriente Médio?
Não, Baggio não daria azar. Seria, sim, mais uma chance merecida para aquela criança que ainda habita em Baggio cumprir a promessa feita ao pai. Se o Brasil, de Tite, vai chegar ou não à fase de mata-mata, ou numa hipotética decisão contra a Itália, a gente conversa outro dia...
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