Visão do Correio

Visão do Correio: Hora de trabalhar

Correio Braziliense
postado em 20/07/2021 06:00 / atualizado em 20/07/2021 08:42
 (crédito: Sergio LIMA / AFP)
(crédito: Sergio LIMA / AFP)

De volta a Brasília, depois de se recuperar de um tratamento, em São Paulo, de uma obstrução intestinal, o presidente Jair Bolsonaro precisa, urgentemente, voltar a trabalhar. Há crises instaladas por todos os lados, que demandam atenção redobrada do chefe do Executivo. O país está à beira de uma crise de racionamento de energia elétrica. A inflação não dá trégua, o que obrigará o Banco Central a aumentar novamente a taxa básica de juros (Selic) em agosto. Reformas estão pendentes no Congresso à espera de melhor articulação política. E, para piorar, a variante delta do novo coronavírus começa a fazer estragos no mundo, o que não será diferente no Brasil se não houver uma ação rápida das autoridades.

Com tantos problemas que afetam diretamente a vida dos brasileiros — pelo menos 15 milhões estão à espera de uma retomada mais forte da economia para se recolocarem no mercado de trabalho —, o principal líder na nação não pode dedicar a maior parte de seu tempo à campanha para a reeleição em 2022. O momento exige total dedicação às demandas da sociedade, que não estão vinculadas às urnas. São questões reais, que exigem comprometimento por parte do Executivo e respostas rápidas. Eleições podem ser discutidas no momento adequado. Faz parte do processo democrático.

Um sinal claro da urgência de ações por parte do governo veio dos mercados financeiros nesta segunda-feira. Os investidores empurraram a Bolsa de Valores de São Paulo ladeira abaixo, e os preços do dólar dispararam. Esse movimento reflete toda a incerteza que tomou conta do mundo ante a disseminação da variante delta. Há o temor de que o processo de reabertura de economias importantes seja revertido se a disseminação do vírus sair do controle. Seria um novo baque na atividade mundial.

O Brasil, como se sabe, ainda está atrasado no programa completo de vacinação — apenas 20% da população adulta tomou as duas doses dos imunizantes contra a covid-19. Portanto, se a pandemia voltar a recrudescer, a recuperação econômica que está a caminho poderá ser abortada. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) observado até agora ainda é recuperação do tombo provocado pela pandemia. Nada garante que é consistente e que vai se manter por um longo período.

Para que não retrocedamos, o governo precisa mostrar empenho total em acelerar a vacinação, organizar a base no Congresso para aprovar as reformas tributária e administrativa ainda neste ano, derrubar a excrecência do Fundo Eleitoral, que triplicou de valor, para R$ 5,7 bilhões, e estimular a produção a fim de conter a inflação e evitar um choque de juros. Tudo isso passa por um ambiente de tranquilidade, sem solavancos políticos. Hoje, infelizmente, não há previsibilidade em relação ao Palácio do Planalto. Pelo contrário, a sede do governo se transformou em fonte de incertezas.

É importante ressaltar que um país organizado, com crescimento consistente, inflação sob controle, juros em níveis civilizados e entendimento entre os Poderes, é o caminho natural para garantir popularidade aos governantes. Sendo assim, colocar as mãos na massa, atender os anseios da sociedade, agregar apoios e ser fonte de soluções, não de crises, são o caminho ideal para aqueles que querem ser lembrados no futuro como líderes de verdade. Ainda há tempo. E a população será grata.

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