OPINIÃO

Rodrigo Craveiro: Covardes não passarão!

Rodrigo Craveiro
postado em 21/07/2021 06:00 / atualizado em 21/07/2021 08:18
 (crédito:  Maxim Hopman/Unsplash)
(crédito: Maxim Hopman/Unsplash)

Segunda-feira, 19 de julho, 20h30. Começo a escrever este artigo poucas horas depois de Patrícia, 41 anos, ter sido assassinada pelo marido, Ricardo, 44. Ao tentar fugir, trocou tiros com a polícia e matou um agente. A tragédia ocorreu em um condomínio de luxo no município de Cotia (SP). É mais uma mulher a ter a vida ceifada. Mais uma vítima a fazer parte das estatísticas do feminicídio. Mais um caso vergonhoso de covardia, arrogância, prepotência, sordidez, egoísmo, truculência, machismo, misoginia. Sobram substantivos para descrever tamanho horror.

Quase sempre, o sentimento de possessividade, a ideia de posse do que não tem dono, envolve a violência doméstica e o feminicídio. A cultura machista, que impõe à mulher a “obrigação conjugal” de atender aos desejos e sevícias do “companheiro” e não aceita a ruptura da relação, precisa ser combatida na raiz. Aos assassinos e aos agressores que não se sentem inibidos em socar ou esbofetear uma mulher, a máxima punição com o rigor absoluto da lei. Aos homens com histórico de ameaças, psicoterapia, grupos de aconselhamento masculinos, orientação profissional.

As autoridades precisam fazer sua parte. Abrir canais efetivos para denúncias, com resposta praticamente instantânea. Prestar apoio psicológico e judicial às vítimas. Apoiar campanhas de informação na mídia voltadas a combater a violência de gênero. Peças publicitárias de impacto, capazes de chocar a opinião pública, levar à reflexão e conduzi-la a mudanças de comportamento. Muitas vezes, as denúncias resultam em medidas protetivas, mas não impedem a consumação da tragédia. Talvez falte uma ação mais incisiva e determinante do Estado.

O Estado também tem a obrigação moral e ética de reaver a questão do armamento. Desde 2018, o Brasil duplicou o número de armas de fogo nas mãos da população. É inegável que a posse desses instrumentos de matar implica mais violência. É preciso valorizar a vida. Proteger as mulheres, evitar que crianças sejam castigadas com o peso e a solidão da orfandade. Impor aos pseudomachos, aos homens que não merecem ser chamados de homens, o castigo merecido. Covardes não passarão!

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