A crise sanitária da covid-19 elevou de 1,1 milhão para 5,1 milhões o número de crianças e adolescentes, entre 4 e 17 anos, fora da escola. Anulou todos os esforços feitos, a partir de 2016, para a inserção de 3,9% de crianças e adolescentes que não tinham acesso à educação. Nesta semana, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, em cadeia nacional de rádio e tevê, fez um apelo para que os estudantes retornem ao ensino presencial no próximo mês. Tanto o ministro quanto pais, alunos e educadores têm consciência de que a volta às aulas presenciais é essencial ao aprendizado.
O prejuízo da covid-19 à educação é incalculável. Para especialistas, o país corre o risco de regredir duas décadas no acesso de meninos e meninas ao ensino. O Brasil, como boa parte dos países surpreendidos pela pandemia, não estava preparado para contornar o problema por meio de aulas on-line. O país ainda não dispõe de uma rede de acesso à internet que cubra todo o território nacional.
A covid-19 expôs a deficiência tecnológica em todos os quadrantes do país. Ressaltou, também, as tonalidades das desigualdades socioeconômicas, que tiveram um peso expressivo para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. Faltaram a eles meios para que participassem das aulas a distância, principalmente na rede pública de ensino — dificuldade mais bem contornada nas unidades da rede privada.
O impacto da crise sanitária não se restringe à aprendizagem. Estende-se, de forma negativa, no desenvolvimento de crianças e jovens, na nutrição, na saúde mental, na socialização e na proteção contra a violência. Diante de tantos danos, o apelo do ministro da Educação ganha maior sentido. É hora de voltar às aulas. Mas não basta estabelecer data e horário para esse retorno. A prevenção contra o vírus se torna essencial para evitar que a doença que já matou quase 550 mil brasileiros se alastre pelas escolas.
A vacina segue em ritmo muito aquém do desejado. Passados mais de seis meses do início da imunização, o país ainda não atingiu a 20% da população brasileira com a segunda dose. As vacinas chegam a conta-gotas em todo o país pela falta de planejamento e coordenação adequadas. Nem todos os professores, os funcionários das unidades de ensino e os adolescentes estão protegidos contra a covid-19. A presença de variantes mais agressivas e com potencial de transmissão mais acelerada exige de municípios e estados cuidados redobrados, a fim de garantir segurança no ambiente escolar.
Impõem-se ao Ministério da Educação, às secretarias estaduais e municipais e ao Distrito Federal estabelecer protocolos de proteção para os alunos, professores e funcionários, com base nas orientações dos médicos e sanitaristas. Ou seja, uso de equipamentos de proteção individual, distanciamento físico entre alunos, oferta de água e sabão para lavagem das mãos, bem como de álcool 70º, além de higiene rigorosa dos espaços coletivos das unidades de ensino. Indiscutível a importância da educação para todos, mas não dá para abrir mão da saúde.
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