Para quem não sucumbiu às gorduras e açúcares durante a pandemia (um escape à ansiedade gerada pelo isolamento social e o medo de infecção pelo coronavírus), bons hábitos alimentares ajudaram a atravessar o período mais crítico da crise sanitária. Isolados em casa, muitos começaram a preparar a própria comida e a inserir alimentos mais saudáveis na rotina diária. Com a volta progressiva ao trabalho e aos estudos, por conta do avanço da vacinação, há preocupação de que essa mudança seja deixada de lado e as pessoas voltem a consumir mais produtos industrializados e, consequentemente, mais prejudiciais à saúde.
Um estudo da NutriNet Brasil, iniciativa do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), constatou que o consumo de hortaliças, frutas e feijão subiu de 40,2% para 44,6% em 2020, quando o coronavírus começou a circular no Brasil, entre parte da população que pôde ficar em isolamento e cozinhar em casa.
Ao mesmo tempo, revelou aumento no consumo de alimentos ultraprocessados entre pessoas de menor escolaridade e também nas regiões Norte e Nordeste do país, mostrando a desigualdade na resposta à pandemia de covid-19. Houve elevação na frequência de pelo menos um grupo de alimentos ultraprocessados (de 77,9% para 79,6%) e de cinco ou mais grupos desses alimentos (de 8,8% para 10,9%).
A ingestão de alimentos processados e ultraprocessados eleva o risco de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão e diabetes, que, por sua vez, aumentam a gravidade dos casos de covid-19. Diversos estudos também apontam uma relação direta entre o consumo desses produtos e o surgimento de vários tipos de câncer.
Além de não trazer benefícios do ponto de vista nutricional, esses produtos contêm aditivos industriais e excesso de gordura, açúcar, sódio, entre outros. São produtos como biscoitos doces e salgados, sucos em pó, refrigerantes, temperos prontos, embutidos, salgadinhos em pacote e guloseimas. Especialistas têm alertado que uma dieta rica em calorias, gordura saturada e proteína animal e pobre em fibra vegetal está relacionada ao surgimento de diversos tipos de tumores.
É fato que a alimentação saudável e equilibrada garante todos os nutrientes necessários para o aumento das defesas imunológicas do organismo e para uma melhor qualidade de vida. No inverno, ganha maior relevância a escolha de alimentos saudáveis para melhorar a resistência do corpo contra doenças. Com alto valor nutricional, ricos em vitaminas e minerais e funções antioxidantes e anti-inflamatórias, eles são benéficos à saúde.
Grãos, raízes, tubérculos, farinhas, legumes, verduras, frutas, castanhas, leite, ovos, peixes e carnes devem ser priorizados na dieta. Assim como a hidratação é fundamental nesse processo. No inverno, as pessoas tendem a reduzir o consumo de água e isso implica riscos à saúde do organismo.
Mudar hábitos alimentares e de vida pode ser um processo lento, mas é importante que um primeiro passo seja dado no sentido de inserir no consumo diário fibras, vegetais, carnes magras e frutas e reduzir o fast-food. Cuidar da saúde começa pela boca. A boa alimentação é relevante não só para a prevenção e proteção contra doenças físicas e mentais, mas também na melhora do humor, do sono e da capacidade cerebral, aspectos fundamentais na qualidade de vida, tão abalada em tempos de covid-19.
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