Entre a tradição e a modernidade, mas sempre com delicadeza, assim caminha o Japão. O país da tecnologia de ponta poderia ter explorado ao máximo essa sua condição na cerimônia de abertura da 32ª edição dos Jogos Olímpicos, mas, em razão da pandemia, optou pela singeleza ao colocar em destaque valores como diversidade, solidariedade, sustentabilidade e igualdade. Na celebração, portanto, mostrou-se atento a algo buscado atualmente por quem tem compromisso com as novas formas de viver, em que a intolerância não tem vez.
Ao demonstrar o quanto são tecnologicamente avançados, os nipônicos fizeram flutuar no céu 1.800 drones, reunidos num globo, que desenhou um planeta sem fronteiras. Com humanidade, enfatizaram a participação de um time de refugiados na competição. Fizeram mais: escolheram Naomi Osaka, atleta negra e ativista de causas sociais, filha de pai japonês e mãe haitiana, moradora dos Estados Unidos, para acender a pira olímpica; e homenagearam os profissionais da saúde que, no mundo, estão na linha frente da luta contra a covid-19, num posicionamento oposto ao do negacionismo de certos governos.
Chamou também a atenção a relevância que foi dada a aspectos ligados à expressões da cultura japonesa ao promover a chuva de origamis — arte secular da dobra de papel criando representações de seres e objetos —; e a encenação estilizada do kabuki, espetáculo de teatro popular em que pessoas do sexo masculino, usando elaborada maquiagem, dão vida, inclusive, a personagens femininos.
Mas artistas de outros países, igualmente, tiveram espaço durante a solenidade. A cantora escocesa Suzan Boyle interpretou a canção Wings to fly (Asas para voar), de sua autoria, enquanto pombos sobrevoavam o Estádio Olímpico. Mas, o momento em que a emoção pairou sobre todos — inclusive de quem assistia à transmissão pela tevê — foi o da exibição do vídeo no qual atletas dos países participantes levaram para o mundo a mensagem da paz contida na letra de Imagine, do inglês John Lennon, que, ao compor esse clássico universal, contou com a colaboração da japonesa Yoko Ono, sua mulher.
Obviamente, foi também emocionante, em especial, para os brasilienses, ver Ketleyn Quadros, a judoca de Ceilândia, dividir a condução da bandeira brasileira com o craque do voleibol Bruno Mossa Rezende, durante a cerimônia.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.