Para aqueles que têm a capacidade de extrair das experiências amargas lições para toda a vida, de certo vão reter para sempre na memória esse tempo de pandemia, como fizeram nossos antepassados, há exatos 102 anos, com o mal alcunhado de gripe espanhola que, entre 1918 e 1919, deixou um rastro de mais de 50 milhões de mortos por todo o planeta.
São aprendizados que dizem muito sobre o nosso comportamento futuro e, de certa forma, moldam nossa capacidade de adaptação e evolução, o que os antropólogos denominam de resiliência. De alguma forma, necessitamos dessa desordem para evoluirmos, encontrando meios mais racionais de nos adaptarmos ao mundo em que vivemos. Exemplos dessa redireção de comportamento, provocada por situações inusitadas e perigosas, existem em grande abundância ao longo de toda a nossa história. Trata-se de um ciclo contínuo que a própria natureza parece preparar, de tempos em tempos, para que possamos, pelo menos, refletir sobre a fragilidade da vida.
É assim que funciona no mundo macro e deveria funcionar também na vida social e íntima de cada um, lapidando a nossa capacidade de entender o momento e de nos relacionar com nossos semelhantes. Transportada essa dura experiência atual para a nossa realidade política e institucional, o que temos visto é que nenhum desses personagens, que ora ocupam os altos cargos de comando da nação, parecem, como dizem, “não terem aprendido nada” e não terem esquecido de nada”, tal a perpetuação da crise que nos assola desde o aparecimento da pandemia da covid-19 no início de 2020.
Para nós, ficou a nítida impressão e uma certeza de que a pandemia, mais do que demonstrar o pandemônio que perfazia toda a administração federal da área de saúde pública, deixou patente que o atual governo, assim como governos do passado, que preferiam edificar estádios monumentais em vez de hospitais de ponta, não servem aos propósitos e aos anseios da população. Mais do que isso, a pandemia deixou claro, para muitos, que estamos no rumo errado, se desejarmos alcançar um patamar mínimo de país desenvolvido na questão segurança, o bem-estar da sociedade e, principalmente, no que diz respeito à boa governança e todas as suas características.
Parece que o sofrimento trazido pela pandemia a todos os brasileiros e ao mundo não tem o dom de sensibilizar os poderes do Brasil para o momento de fragilidade experimentado por todos, o que deixa certo. Para aqueles que têm capacidade de observar a cena, é de que eles não aprenderam nada e por certo, jamais aprenderão.
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