Chega tardiamente, mas não deixa de alimentar alguma esperança positiva, a notícia de constituição de uma força-tarefa do governo federal, a cargo dos ministérios da Justiça e do Meio Ambiente, para o controle de queimadas nas regiões de biomas mais ameaçados do país. No entanto, o anúncio da semana passada surpreende, pois é o tipo de medida que deveria estar organizada e disponível há bastante tempo. Afinal, os alertas sobre os crescentes incêndios florestais no país insistem em permanecer no noticiário nos últimos meses.
Fato, porém, é a descarada intenção do desgoverno instalado no país de esculhambar toda a política ambiental brasileira, construída a duras penas ao longo de décadas. O antiministro do Meio Ambiente Ricardo Salles escandalizou a nação com a repugnante declaração de “passar a boiada”, desmontou o quanto pôde as equipes de fiscalização e acabou afastado da Esplanada dos Ministérios sob a grave suspeita de envolvimento em criminosa operação de contrabando de madeira da Amazônia. Se episódios assim não são suficientes para despertar os incautos, não sei o que poderá fazê-lo.
Como diz a máxima popular, “o que não se aprende no amor é ensinado pela dor”. Talvez, infelizmente, seja necessário chegar a este ponto para que a sociedade reaja devidamente e exija dos governantes o exercício de políticas públicas que viabilizem o artigo 225 da Constituição.
A ciência tem alertado há décadas, e os sinais, hoje, são claros. Eventos climáticos extremos (secas severas prolongadas, enchentes e fenômenos meteorológicos violentos) ameaçam economias em todo o mundo. A crise energética enfrentada pelo Brasil, neste momento, está diretamente relacionada à devastação ambiental, pois o regime de chuvas é afetado pelo crescente desmatamento, reduzindo drasticamente o nível dos reservatórios que movimentam as turbinas das hidrelétricas. O próprio agronegócio se compromete a médio prazo.
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