Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na última sexta-feira, mostra que, no Brasil, se depender da vontade da população, a ciência derrotará o negacionismo de goleada: nove a cada 10 brasileiros estão dispostos a tomar qualquer vacina contra a covid-19. É uma notícia que vale a pena comemorar. Nos Estados Unidos, a campanha de imunização, que despontava como exemplo para o mundo, estagnou. E não é por falta de imunizantes, como ocorre constantemente no Brasil. Lá, mesmo com doses de sobra e com o presidente Biden oferecendo dinheiro e outras vantagens a quem se dispuser a tomar vacina, a imunização não avança. E isso ocorre, sobretudo, em regiões que votaram majoritariamente em Donald Trump.
O resultado disso é que os EUA voltaram a registrar alta no número de casos e de mortes por coronavírus, impulsionados pela variante Delta. E, aos incrédulos, vale reforçar: 99% dos óbitos por covid-19 registrados lá foram de pessoas que não se vacinaram. Conforme vinham alertando especialistas nas últimas semanas, a temida cepa, identificada primeiramente na Índia, é altamente contagiosa, dissemina-se rapidamente e já é a principal causa global de novos diagnósticos da doença. Infectologistas, inclusive, já veem o início de uma terceira onda. Não à toa, o mundo registrou a maior alta semanal de mortes, principalmente em países da Ásia, desde abril do ano passado.
No caso do Brasil, apesar de uma campanha de imunização em ritmo muito mais lento do que o preconizado por imunologistas — eles defendem cerca de 2 milhões de doses aplicadas por dia; na sexta-feira, foram cerca de 800 mil —, o país ultrapassou a marca de 100 milhões de vacinados com, pelo menos, uma injeção contra a covid-19. Isso representa mais de 60% da população adulta. No entanto, apenas um quarto desse contingente — mais de 40 milhões de pessoas — está com a imunização completa. Ou seja: tomou duas doses ou a dose única da Janssen. Mesmo assim, a vacinação faz toda a diferença no país.
É o que mostra a Fundação Oswaldo Cruz, no seu mais recente boletim sobre a covid-19, divulgado na última terça-feira. À medida que a imunização avança, relatam pesquisadores no estudo, o Brasil registra queda na média de mortes e de internações nas unidades de terapia intensiva (UTIs) do país. Contudo, nesse último levantamento, a boa notícia vem acompanhada de uma preocupante constatação: a média de casos da doença quebrou a sequência de desaceleração e voltou a subir, fenômeno atribuído à variante Delta. Além disso, adverte a Fiocruz, a média de mortes e de casos ainda se encontra em patamar elevado.
Neste momento, a torcida é para que a disposição dos brasileiros para tomar qualquer uma das vacinas aprovadas pela Anvisa se transforme em realidade. Hoje, a impressão é de que a população, após a primeira dose, relaxou nos cuidados com a segunda injeção contra a covid-19. É um erro. Estudos científicos recentes destacam a importância da dose de reforço. Pessoas que a tomam, na imensa maioria das vezes, fortalecem o organismo e são menos afetadas por reinfecções de um vírus que ainda desafia a humanidade, com mutações cada vez mais perigosas. Às vacinas, Brasil.
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