Fome
A carne humana (flesh) é fraca, pela tendência intrínseca à vaidade, à luxúria, à corrupção. Já a carne animal (meat) é forte e cara. Um hambúrguer pode custar mais de 80 dólares em Nova Iorque ou Tóquio. E há picanhas que custam quase R$ 2 mil o quilo; um acinte obsceno. Criar gado é atividade muito lucrativa, nas afluentes pastagens paulistas, goianas, mineiras e sulistas. Mas a pecuária intensiva e extensiva vem dizimando os campos e exaurindo a terra. Do outro lado da moeda, a pandemia acentuou as disparidades de acesso a alimentos considerados, até aqui, como populares. O feijão com arroz, tão coisa nossa; a carne seca com mandioca, a galinhada com angu estão cada vez mais distantes da mesa dos brasileiros. A população está esgotada pela fome. Fome é um flagelo que assola mais de 1/3 da humanidade e suas causas são econômicas, sociais e políticas. Entre nós, o desemprego e o parco auxílio-alimentação tornaram a vida amarga que nem jiló. Do céu, não chove maná, nem escorre leite e mel no nosso chão. Não há mais a multiplicação dos pães nem o milagre dos peixes; e brioches estão pela hora da morte. Nesses tempos bicudos, de vacas magras e escassas, feijão é miragem, arroz virou quimera e carne é palavrão. Filas e filas se formam disputando pedaços de osso. O slogan “Agro é Pop, Agro é Tudo” vai virar Agro é Fome. O jeito é fazer das tripas, coração. O resto é conversa para boi dormir.
» Thelma B. Oliveira,
Asa Norte
Herói
Houve um tempo em que pouquíssimas coisas eram difíceis no Brasil quanto ser herói. Faça as contas: quantos heróis, mas heróis de verdade, você conseguiria pôr na sua lista? É duro de admitir, mas o fato é que nunca deu para encher, nem o espaço de um guardanapo de papel, de tamanho pequeno, com os nomes de brasileiros que poderiam reivindicar para si, por força das ações concretas que praticaram em vida, a condição de “glória nacional”. O fato é que o sujeito precisava ser um Tiradentes, no mínimo, para que fosse considerado um herói com padrão de qualidade garantido. Sempre se pode discutir as medidas exatas do heroísmo de Tiradentes. No entanto, Getúlio Vargas, por exemplo, chegou a cassar o feriado de 21 de abril, mas, nos 229 anos que se passaram desde a sua morte na forca de dona Maria I, quem apareceu com o mesmo tamanho? Ninguém. É verdade que existe uma lista com 52 heróis e heroínas oficiais do Brasil, cujos nomes estão escritos em páginas de aço no Panteão da Pátria, em Brasília. Tiradentes, aliás, é o primeiro, mas muita gente não assinaria embaixo. O título de herói oficial é dado por decisão do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, e só isso já chega para avacalhar qualquer conversa a respeito de heroísmo. Além do mais, fazem parte da lista figuras como Zumbi, Chico Mendes ou Marechal Deodoro, que traiu o seu imperador com um golpe de Estado, o que mostra bem o tipo de qualidade requerida para um cidadão receber o certificado de herói brasileiro. Também não é razoável esperar que o nosso panteão de heróis e heroínas tenha um nome só: como ficaria a imagem do Brasil no exterior? Em tempo: O que dizer das pensões e indenizações recebidas pelos anistiados políticos?
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
Pilantragem
Dick Vigarista preocupado com a concorrência desleal de certos brasileiros. São tantas mentiras vindo em alta velocidade, uma após outra e atropelando tudo e a todos... Tudo isso ao vivo, valendo medalha olímpica em Pilantragem (com direito a risos sacanas do Mutley)...
» Marcos Paulino,
Águas Claras
Terceira via
Analiso. Não torço nem distorço. Nessa linha, atenção para os passos do ministro da Infraestrutura, Tarcisio Vieira. É o responsável pelo caixa da campanha presidencial de 2022. Continuando o rosário de erros, fracassos e trapalhadas de Bolsonaro, Tarcísio é o candidato do mito de barro e do insaciável Centrão para disputar o pleito. Tarcísio é aquele que se pode chamar de homem da mala preta. É a terceira via que pode render bons votos.
» Vicente Limongi Netto,
Lago Norte
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