Visão do Correio

Visão do Correio: Meio ambiente pede socorro

O Brasil precisa despertar para a questão do meio ambiente. Alguns de nossos principais biomas — Amazônia, Mata Atlântica e cerrado — estão sendo destruídos e não há mobilização aparente no sentido de deter as agressões. Parece estarmos em estado catatônico assistindo ao patrimônio natural do país derreter.

A mais recente estatística de devastação a se lamentar diz respeito à Floresta Amazônica. Segundo levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a área devastada na região nos últimos 11 meses chegou a quase mil quilômetros quadrados — cerca de 50% superior ao período compreendido entre agosto de 2019 e junho de 2020.

Em relação à Mata Atlântica, há algumas semanas a Fundação S.O.S Mata Atlântica divulgou um estudo mostrando que, entre 2019 e 2020, esse bioma — o mais pressionado e ameaçado do país, com pouco mais de 12% da sua cobertura original – perdeu nada menos que 13 mil hectares de florestas. A devastação, embora 9% menor que o registrado no mesmo período anterior (2018/2019), é 14% maior que o observado no biênio 2017/2018.

No cerrado, a história não é diferente. Relatório produzido pelo projeto MapBiomas e divulgado no início deste mês mostra que em 387 dos 1.668 municípios da Região Sudeste houve registro de desmatamento em 2020. Nesse ponto, Minas Gerais se destacou negativamente. A maior parte da área desmatada está concentrada no Norte do estado, onde predomina o cerrado.

Como se não bastassem o machado e a motosserra, nos próximos meses o país deve enfrentar um período de queimadas. Tem sido assim ano após ano. E em Minas não é diferente. Como mostrou reportagem do Estado de Minas de ontem, registros de incêndios florestais já superam a média histórica dos últimos cinco anos. Foram 1.949 focos de queimadas de janeiro a julho, 73% a mais do que no ano passado.

Não precisa ser ativista ambiental para saber que a devastação de nossas florestas tem consequências terríveis para todos nós — e muitas já são sentidas, como as estiagens prolongadas, que secam rios e causam perdas na agricultura e ameaçam reservatórios de hidrelétricas, e as tempestades que deixam áreas urbanas em estado de calamidade.

Proteger e promover o uso sustentável dos nossos biomas é, antes de mais nada, preservar vidas.