“Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”, ensinava o Guru do Méier, Millôr Fernandes. E com muita razão. É com essa bandeira que deveriam mover os principais órgãos informativos do país. Mas, infelizmente, não é isso que acontece na maioria das vezes. Óbvio que, ao não se posicionar corajosamente e com independência sobre a miríade de governos que vêm e vão, ao sabor dos ventos das eleições, quem primeiro perde é o cidadão, seguido dos próprios órgãos de imprensa e de seus profissionais que passam a experimentar o descrédito. Nada é mais fatal para toda e qualquer mídia do que o descrédito do cidadão.
O papel de estar em conformidade com determinados governos deve ser sempre restrito aos órgãos chapa branca, que têm o mister de defender essas posições. Para isso, são criados e bem pagos, inclusive, com recursos oriundos dos pagadores de impostos, mesmo aqueles que discordam do governo. É da democracia e tem funcionado assim na maioria dos países desenvolvidos. Ocorre que, nessas nações, a fiscalização sobre os recursos públicos utilizados para fazer propaganda personalista e de cunho político-partidário é eficiente e causa estragos aos que cometem delitos. Não é o caso do Brasil, onde a relação entre os Poderes é, na maioria das vezes, organizada segundo quesitos de compadrio e de benefícios mútuos, ou seja, longe do interesse público.
Mesmo os órgãos que poderiam fiscalizar a ocorrência de abusos estão sob o comando de personagens oriundas do pequeno mundo político e partidário, onde a elasticidade entre o que é, ou não, legal é infinita. Em governos de viés autoritários, como parece ser o caso atual e de outros do nosso passado recente, as secretarias de comunicação do Executivo e de outros Poderes têm a capacidade de eleger e mesmo “cancelar” aqueles órgãos de imprensa que se mostram demasiadamente independentes e que , por isso, criticam o governo.
As conhecidas listas de desafetos, contendo nomes de profissionais e de seus respectivos órgãos, existem e funcionam em todos os governos desde sempre. De tão comuns, esses órgãos institucionais agem sem receio de ações na Justiça. A caixa-preta representada por eles de divulgação das ações governamentais tem sido apontada, amiúde, como setores que abusam das falhas da Justiça, agindo abertamente contra uns e favorecendo aqueles órgãos dóceis aos mandatários.
Trata-se, aqui, de uma distorção desses órgãos do governo e um perigo para a transparência e para a democracia. Os ensinamentos vindos recentemente de países, como a Venezuela, que, outrora, tinha imenso e variado parque formado por órgãos de imprensa independentes e profissionais e que foram, pouco a pouco, perseguidos e banidos do país, para dar lugar à imprensa oficial e de louvores ao governo ditatorial, mostram bem o caminho perigoso e sempre presente percorrido pela imprensa livre que se deixa controlar por mandatários.
O caminho utilizado pelos governos para sufocar os órgãos de imprensa livres e “rebeldes” é sempre cruel e feito pelo estrangulamento dos recursos financeiros e outras verbas públicas e publicitárias, que deveriam ser democraticamente distribuídas aos diversos veículos de informação, independentemente da posição política de cada um.
Esse tem sido, desde sempre, um tema sensível e que diz respeito à qualidade da democracia que desejamos para o país. Por essas e outras razões, não é um assunto que o leitor encontra com facilidade sendo debatido com a clareza e a profundidade que merecem os brasileiros. O que não se pode é assistir, pacificamente, a transformação de determinados veículos de imprensa, alguns deles tradicionais e consolidados, há anos, ante espectadores, ouvintes e leitores, serem transformados em órgãos de divulgação e de defesa cega desse ou de qualquer outro governo. A democracia não pode sobreviver à unanimidade de opinião, mas suporta, com certeza, a oposição serena e certeira da imprensa livre. É para isso que ela existe.
A frase que foi pronunciada:
“Quero viver para ver o PT ter uma oposição do nível dele. Ô partido bom de briga!”
Dona Dita,
lembrando da falta de adversários do partido dos trabalhadores.
Prata da Casa
» Dr. José Moreira é um neurocirurgião que coleciona elogios dos pacientes por coisas simples, como dar atenção, conversar, pesquisar e cuidar até que o diagnóstico certo venha à tona. Um dia foi visto na parada de ônibus do Pátio Brasil. Humildade, sabedoria e ciência numa pessoa só!
Loucos
» O Conselho Comunitário do Lago Sul e a Associação Comunitária da Península Norte estão unidos contra a Luos, que autoriza a mesclagem de negócios em área habitacional. Definitivamente, uma lei como a Luos só seria aprovada por quem odeia os cidadãos brasilienses. A cidade foi projetada para deixar uma boa distância entre comércio e moradia.
História de Brasília
Os candangos também participam da proteção às árvores. Agora mesmo, recebo uma carta nesses termos: “Ilustre senhor, é com prazer que informo que serei o protetor de três árvores em princípio de vida na W3, em frente à Quadra 3, Lote 1 a 4. Esses lotes estão em construção, sendo eu o encarregado da mesma. A companhia Graça Couto, de certo, não me impede e eu, com muito prazer, protegerei essas três futuras lindas árvores, enquanto durar a construção. Faço ainda um apelo para que todos os meus colegas procedam da mesma forma. Com a maior admiração por V.Sa., José Pereira Montola”. (Publicada em 6/2/1962)
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