A Olimpíada de Tóquio chega ao fim e o Brasil alcança seu melhor desempenho da história, com 21 medalhas, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze, ultrapassando em dois os pódios conquistados no Rio’2016, até então a participação mais vitoriosa do país nos Jogos. Devemos comemorar, principalmente pela história de superação de vários atletas. Mas a grande pergunta é se o resultado é realmente satisfatório para um país como o nosso. Não vamos nem comparar com Estados Unidos, China, e Japão, os três melhores colocados em Tóquio.
A Holanda, que conquistou 36 medalhas, tem pouco mais de 17 milhões de habitantes (só a região metropolitana de São Paulo tem cerca de 21 milhões) e seu território é de 41.540 km², menor que o estado do Rio de Janeiro, que tem 43.750km². É bom lembrarmos também que o Brasil só conseguiu ultrapassar a marca de 10 pódios olímpicos na edição de Atlanta, em 1996, quando chegou a 15.
Mas por que um país como o Brasil não consegue ter uma performance melhor na maior competição esportiva do planeta? Os problemas são vários, mas a resposta passa por políticas públicas ligadas à educação. Apesar dos importantes programas oficiais de apoio a esportistas de alta performance, como o Bolsa Atleta — 80% da delegação brasileira que foi a Tóquio recebe o benefício — e o Programa de Incorporação de Atletas de Alto Rendimento, das Forças Armadas, a questão é o investimento na formação de novos atletas. E isso precisa ser uma política de Estado, ligada à educação.
Impossível saber quantos talentos brasileiros são desperdiçados ainda na infância ou na juventude. Mas basta olhar para a estrutura da maioria das escolas públicas para perceber que a prática esportiva não é uma prioridade. Há alguns projetos sendo desenvolvidos, mas é muito pouco. Em países como os Estados Unidos, por exemplo, a criança é incentivada na escola a aprender alguma modalidade. E o incentivo chega até as universidades, públicas e particulares, que oferecem bolsas para estudantes atletas. As ligas universitárias são fortíssimas e observadas de perto por olheiros o tempo todo, em busca de joias para suas equipes profissionais.
Quando o Brasil resolver transformar o esporte em política de Estado e realmente investir na base, na estrutura das escolas, buscar parcerias, capacitar professores e incentivar as universidades a seguirem esse programa, novos e muitos atletas de ponta vão surgir nas mais variadas modalidades. E os que não chegarem a ser atletas profissionais, com certeza terão uma vida melhor. Em Tóquio, o que não faltam são histórias de brasileiros que precisaram passar pelo grande adversário da falta de incentivo antes de atingir a alta performance. Ano que vem tem eleição e tomara que essa bandeira esteja presente nos programas de governo dos candidatos, para que o Brasil tenha certeza que uma nova era comece a partir de 2023.
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