FELIPE CRUZ PEDRI*
O Brasil é, sem sombra de dúvidas, o maior país miscigenado do mundo, onde a formação do seu tecido social foi forjada na mistura absoluta do seu povo. Talvez seja por isso que o país é alvo de uma campanha internacional de ódio de classes, raças e quaisquer outras formas de divisão social. A ferramenta mais importante para o ideário marxista cultural é a divisão: subterfúgio que possibilita que o agente divisor medeie a relação social ou política com os grupos que conviviam entre si e que, por serem alvo de estímulos artificiais, acabam não conseguindo mais se relacionar.
Disputas étnicas sempre existiram no tempo. As guerras, de alguma forma, tinham como base a não semelhança dos povos. No entanto, mensagens de união e paz ganharam força com a expansão do cristianismo pelo Ocidente. A força dessas palavras e seu contexto espiritual cunhou aquilo que chamamos de civilização ocidental e, com elas, tivemos a oportunidade de formar novas nações, onde, mesmo com conflitos iniciais importantes, alcançamos uma maturidade na convivência entre povos de diferentes matizes.
No Brasil, esse cenário se deu de forma mais profunda ainda. Aqui, o sangue misturou-se de tal forma que hoje temos 43% da população miscigenada de forma declarada, e, se jogarmos uma lupa nas questões ancestrais sanguíneas, esse número será maior ainda, ou seja, além da população mulata gigantesca, boa parte dos brancos tem sangue de índios e negros também, pois os portugueses, principalmente, mesclaram-se de forma impressionante com os povos locais e negros advindos da África.
Neste embalo das tentativas de cisões artificiais do tecido social brasileiro, a esquerda, pelas mãos de meios de ações partidárias, lançou de uma artimanha de linguagem a partir do Censo de 2010: onde antes tínhamos a realidade miscigenada contemplada com brancos”, “mulatos” e “negros” na classificação de “cor de pele”, de repente, surgiu a exclusão da palavra “mulato” por “negro”, e o “negro”, por “preto”, ou seja, da noite para o dia, a massa de 43% de mulatos miscigenados sumiu e virou um símbolo homogêneo de uma raça só, a negra. Os negros mesmos viraram “pretos”. Nada mais artificial e cuidadosamente planejado para dividir os brasileiros.
Ocorre que, na prática, nada mudou. A raiva social segue sendo pauta de salas de aula, mas morre na partida de futebol do final de semana seguinte. O brasileiro continua misturando-se como essência. Portanto, a lógica da divisão racial no Brasil não faz sentido algum. Mesmo que tenhamos que reconhecer o nefasto período da escravidão, precisamos olhar com mais atenção ainda para como o brasileiro superou esse trauma sem destruição e ódio, algo muito presente em países que passaram pelo mesmo problema.
Há algo de errado no fato de que o maior autor sobre a história da nossa miscigenação, Gilberto Freyre, seja escondido em nossas universidades e suas teses sejam alvo de preconceitos, talvez muito piores do que aqueles que alguns dizem combater. Logo, em meio a esse plano de divisão mundial ao qual estamos assistindo, derrubar esse gigantesco muro miscigenado é algo importantíssimo para o esquerdismo mundial — que de progressista não tem nada!
Se o Brasil não se dividir, seguirá mostrando que, sim, é possível o mundo miscigenado e não o projeto multicultural em andamento. O caso recente em que a esquerda brasileira imita a americana (gado?) ao tocar fogo em monumentos históricos é somente mais um capítulo dessa trama que visa destruir o maior legado do nosso país para o mundo.
Precisamos decidir qual rumo nós queremos para o Brasil: o que desenvolveu uma tecnologia de convivência social que é exemplo para todos outros países ou importar o que há de pior e mais destrutivo em termos de divisão social. Ao olhar para o cotidiano do brasileiro comum, a resposta está muito clara, jamais deixaremos o ódio artificial passar por cima da nossa essência como nação.
*Publicitário e secretário de Comunicação Institucional do Governo Federal
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