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Visão do Correio: Famílias em dificuldades

Correio Braziliense
postado em 21/08/2021 06:00

A crise sanitária causada pela covid-19, sem dúvida, tornou mais difícil a vida dos brasileiros. Desemprego crescente, inflação em alta, com forte impacto nos alimentos, tarifas públicas em ascensão. Esse conjunto de elevação de preços corrói a renda dos cidadãos e, por tabela, das famílias. Mas as dificuldades não são recentes e vêm piorando a cada ano, devido à deterioração econômica enfrentada pelo país e agravada pela pandemia.

Entre 2017 e 2018, só 1,1% das famílias tinha muita facilidade para honrar as contas mensais, enquanto 14,1% não conseguiam pagar os compromissos fixos e 46,2% atrasavam a quitação de despesas, como água, energia, aluguel ou prestação da casa própria, segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No recorte de gênero, o estudo mostrou que tanto homens quanto mulheres, à frente de 7% das famílias, enfrentavam a mesma dificuldade para cobrir as despesas domésticas. Porém, 17,5% dos lares chefiados por homens não conseguiam encerrar o mês com a renda familiar, o que ocorria só em 9% daqueles comandados por mulheres. Na avaliação do analista da pesquisa, André Martins, a diferença está associada à renda per capita mais baixa para famílias com referência feminina e ao maior número daquelas em que essa referência é masculina.

Independentemente das distinções de gênero ou raça, em que os grupos familiares de negros enfrentam mais obstáculos para se sustentarem, a pesquisa confirma a brutal concentração de renda, quando apenas 1,1% das famílias brasileiras não passam nenhum aperto diante das contas domésticas.

Essa desigualdade também é tangível regionalmente. O estudo mostra que o Sudeste é líder em transações financeiras, como tomada ou pagamento de empréstimos, despesas com parcelamento de imóveis, automóveis e motos, e concentra 12,8% da população em que as famílias tiveram pelo menos um contrato desses serviços. No Nordeste, o percentual chega a 9,4%, o dobro do Sul (4,7%). O Centro-Oeste vem a seguir, com 3%, e o Norte, com 2,2%.

As desigualdades socioeconômicas são evidenciadas em outras pesquisas, sejam elas do IBGE, sejam de outros institutos respeitados no país. Os sucessivos governos e seus planos econômicos não conseguiram mitigar as diferenças, que criam castas e afastam a grande maioria dos cidadãos dos benefícios do desenvolvimento econômico do país. Na crise, essa maioria é também a mais afetada, com sérios reflexos da qualidade de vida da parcela majoritária da população.

Hoje, o convulsionado cenário político, somado à tragédia sanitária, cujo enfrentamento foi equivocado desde o início, impacta seriamente em possíveis soluções para a economia nacional, que segue patinando desde 2014. Faltam ao país políticas sociais e um projeto de nação que elimine os fossos existentes e assegurem a igualdade entre os cidadãos como estabelecido no grande pacto pela cidadania, que foi a Constituição de 1988.

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Shopping
As novas tecnologias vêm transformando a mobilidade urbana. Não há dúvida de que elas são importantes e trarão grandes benefícios para a vida do cidadão comum. No entanto, em meio a essa revolução, não podemos esquecer as coisas simples que tornam algumas cidades lugares fantásticos para caminhar: as calçadas. Faça um exercício mental: imagine um shopping center. Por que muitas pessoas gostam tanto de shopping? É por causa das lojas? Da comida? Do cinema? Também, mas elas gostam, principalmente, porque o shopping center é um empilhamento de ruas comerciais perfeitas. Calçadas (os corredores do shopping) largas, limpas, iluminadas e o melhor, que ninguém nota: sem carros para atrapalhar. Logo, sem poluição e com muita segurança. Já imaginou que horrível seria um shopping center se os carros pudessem circular nos corredores? No entanto, as ruas de nossas cidades são assim: os clientes se espremem em calçadas exíguas, degradadas, descontínuas e cheias de lixeiras, camelôs, sinalização vertical, ciclovias, carros, produtos expostos e mesas de bar, coisas que obrigam o pedestre a uma verdadeira corrida de obstáculos. Não se admira que as pessoas prefiram os shopping em vez do comércio de rua. Em um futuro com veículos autônomos, elétricos e voadores, a calçada terá mais importância do que nunca para garantir a mobilidade das pessoas nas cidades. Afinal, toda viagem começa a pé.
Renato Mendes Prestes, Águas Claras

 

Advogados
Há 40 anos, o jurista amazonense Bernardo Cabral, ex-deputado federal, ex-senador, ex-ministro da Justiça e relator-geral da Constituinte, foi eleito presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Agora, outro jovem e valoroso advogado nascido no Amazonas, Beto Simonetti, também prepara-se para assumir a presidência da OAB Nacional. Bernardo e Simonetti cumpriram idêntica trajetória profissional na OAB. Ambos foram secretários-geral do Conselho Federal da entidade. Bernardo Cabral foi secretário-geral de 1979 a 1981. A seguir, Cabral ocupou a presidência de 1981 a 1983. Beto Simonetti — por forte coincidência, tem um filho chamado Bernardo — foi declarado candidato único, na disputa eleitoral na entidade, pelo atual presidente, Felipe Santa Cruz.
Vicente Limongi Netto, Lago Norte

 

Empresas aéreas
As passagens aéreas aumentaram de preço. E não é pouco! O oligopólio de três empresas praticam o mesmo patamar de preço, e não existe concorrência no setor sob a proteção da agência reguladora. A novidade é a Itapemirim, que entrou no mercado com preços mais baixos, mas que não consegue operar em aeroportos como o de Congonhas, em São Paulo. Há que se acabar com esses cartórios que impedem a concorrência e preços mais baixos em benefício do consumidor! O Prodecon, a Senacon e o MP devem averiguar as atuais práticas das empresas aéreas que aumentaram em mais de 100% o valor das passagens, inclusive com o uso de pontos. Estabelecer a concorrência facilitando a entrada de novos concorrentes, acabando com cartórios, como os slots que devem ser distribuídos a todas as empresas, são medidas urgentes e necessárias.
Helio C. Santos, Asa Sul

 

Calvário de Moro
Começou em 28/7/2019. O então ministro Sergio Moro pediu a Toffoli que o Supremo Tribunal Federal (STF) revisse a decisão de impedir o uso de dados do Coaf e da Receita sem autorização judicial. A decisão de Toffoli atendeu pedido da defesa de Flávio Bolsonaro, mas ela paralisava ações da PF e do MP contra corruptos e o PCC. Ao saber do pedido de Moro, Bolsonaro lhe deu uma bronca: “Se o senhor não puder ajudar, não atrapalhe!”. Ficou claro, a partir daí, que a prioridade do governo era proteger parentes e não combater a corrupção. Em 20/08, Bolsonaro transferiu a Coaf do MJ para o BC, trocando os homens de Moro. Depois, veio a não aprovação da prisão após condenação em segunda instância — o presidente temia que Flávio fosse preso —; a criação do Juiz de Garantia, para proteger corruptos; a reunião de 22/4/2020, quando o presidente ameaçou Moro; a troca do diretor-geral da Polícia Federal; e a saída do ministro. Enquanto isso, o chefe da PGR, inimigo da Lava-Jato, reduzia a presença do MP e da PF nas operações, obrigava a abertura de arquivos sigilosos e decidia que investigações fossem feitas pelos Gaecos nos estados. A ida de Nunes Marques para o STF mostrou o que quer o governo. Seu primeiro voto foi para garantir posse de prefeitos eleitos condenados pela Lei da Ficha Limpa; o segundo, foi anular o processo do ‘Quadrilhão do PP’, que incluía Arthur Lyra e Ciro Nogueira, com desvio de R$ 23 bilhões; o terceiro, foi de condenar Sergio Moro por suspeição no processo de Lula, o que anulou as condenações do petista. A falta da lei da prisão após condenação em segunda instância e a presença de Nunes Marques animaram a ala “liberal” do STF, levando à punição de Moro, à soltura de Lula e demais condenados por corrupção e ao fim da Lava-Jato e do combate à corrupção.
Ricardo Pires, Asa Sul

Desabafo

Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição

 

Em súplica ao infinito/ quando o cerrado aflito/ pela chuva implora,/ mais pungente é a flora.
Humberto Pellizzaro — Asa Norte


E nesta sexta-feira aprendemos que, na internet, não se deve falar qualquer besteira. A Polícia Federal pode chegar cedo e literalmente “abrir a porteira”!
Marcelo Pompom — Taguatinga


Alguém tem que avisar ao capitão que a condição de presidente não o coloca acima das leis. Depois de tantas asneiras e mentiras, quer amordaçar o Supremo Tribunal Federal.
Joaquim Honório — Asa Sul


Mentira tem pernas curtas. Bolsonaro teceu uma rede de fake news e, agora, está no papo da aranha.
Bruno Vieira Maia — Taquari

 

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