O Brasil prepotente, que se considerava sem concorrentes nas competições continentais de seleções, perdeu a última Copa América para a Argentina, no Maracanã. O país da memória curta agora bate no peito e só falta dizer “comigo ninguém pode” na Libertadores.
Se há alguma certeza no principal torneio de clubes da América do Sul, é a falta de verdade absoluta. O mesmo Brasil que hoje ostenta o recorde de três times nas semifinais da Libertadores e anuncia tempos de soberania de Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras foi surpreendido, em 2018, por uma decisão argentina: o superclássico entre Boca Juniors e River Plate no Santiago Bernabéu, em Madri. Nossos clubes riquinhos assistiram da poltrona de casa.
O Brasil quase emplacou quatro times nas semifinais da Libertadores 2021. Porém, não teve nenhum representante nesta fase em 2014. Os candidatos restantes naquela edição foram o campeão San Lorenzo (Argentina), o vice Nacional (Paraguai), Defensor (Uruguai) e Bolívar (Bolívia). Todos pobres de marré deci. Dois anos depois, a decisão opôs Atlético Nacional (Colômbia) e Independiente del Valle (Equador). Naquele período, o ex-país do futebol amargou três anos consecutivos sem título do torneio em 2014, 2015 e 2016.
O Brasil impõe na Libertadores o que não é novidade faz tempo na Champions League. A Espanha levou Real Madrid, Barcelona e Valencia às semifinais na temporada de 1999/2000. Deu Real. A Itália igualou o feito em 2002/03 ao classificar Juventus, Internazionale e o campeão Milan. A Inglaterra chegou em massa com Manchester United, Chelsea e Liverpool em 2006/07 e 2007/08; e emplacou Chelsea, Manchester United e Arsenal em 2008/09.
O samba de uma nota só incomoda. Em 2007, a Conmebol inseriu travas de segurança no regulamento depois de duas decisões brasileiras seguidas entre Athletico-PR e São Paulo (2005); e Internacional e São Paulo (2006). Decisões nacionais só se repetiram em 2018 na conquista do River contra o Boca; e em 2020, no título do Palmeiras diante do Santos.
O reequilíbrio da competição não é fácil. Houve inchaço de vagas para Argentina e Brasil. Há quem defenda a volta dos clubes do México — ausentes desde 2016 — e sugira a inclusão de franquias dos Estados Unidos. Conmebol e Concacaf acham a hipótese inviável. A distância entre Buenos Aires e Seattle, por exemplo, é de 11.000km. Sem voo direto!
Enquanto cartolas confabulam armadilhas, o Brasil deve apreciar a soberba com moderação. Deus também é equatoriano. O país do Barcelona ganhou a Libertadores com a LDU (2008), a Sul-Americana com LDU (2009) e Independiente del Valle (2019) e dois ouros na Olimpíada de Tóquio no ciclismo de estrada (Richard Carapaz) e no levantamento de peso (Neisi Dajomes).
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