Poética das relações
Há valores que, uma vez atingidos, não mais desaparecem do cenário cultural, a começar pelo valor da pessoa, que eu qualifico como valor-fonte dos demais valores. Como ensina a estimável poeta goiana Cora Coralina (1889-1985): “Não sei…/se a vida é curta/ou longa demais para nós./Mas sei que nada do que vivemos/tem sentido,/se não tocarmos o coração das pessoas./Muitas vezes basta ser:/colo que acolhe,/braço que envolve,/palavra que conforta,/silêncio que respeita,/alegria que contagia,/lágrima que corre,/olhar que sacia,/amor que promove./E isso não é coisa de outro mundo:/é o que dá sentido à vida./É o que faz com que ela/não seja nem curta,/nem longa demais,/mas que seja intensa,/verdadeira e pura…/enquanto durar”. Nestes versos, encontramos predicativos nobres para a poética das relações — espécie de luz voltada para uma instância superior ética, à qual deveriam se integrar a moral, como teoria das normas de conduta que emergem dos usos e costumes; o direito, como ciência das relações sociais de natureza bilateral-atributiva; e a política como ciência e arte do governo dos povos à luz do princípio de cidadania. Como se vê, estamos considerando uma realidade de mundo que vai além do atrasado “vigiar e punir” para o avançado “zelar e compreender”.
» Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
Crenças
Enquanto na edição do CB (19/8), uma leitora sugere que “ser cristão não é credencial nem atestado de honestidade”, um articulista do jornal, na mesma data, referindo-se criticamente à “parisiense Simone de Beauvoir”, ícone do feminismo, acrescenta que ela teve, durante décadas, um relacionamento aberto com Jean Paul Sartre, “ateu convicto”. Ora essa! Parece que, nos dias atuais, ser ou não cristão, ou ateu são requisitos importantes para qualificar as pessoas!
» Lauro A. C. Pinheiro,
Asa Sul
Doido
“Supremo estresse entre bolsonaristas”. Sacou bem o jornalista Carlos Alexandre, na coluna Eixo Capital (21/8), analisando o clima apavorador do reality show da clínica de horrores de desatinados e irresponsáveis, repleta de pacientes seguidores do mito de barro. O último maluco irrecuperável que receber alta dos psiquiatras, apagará a luz e mandará a conta para o gabinete de ódio instalado no Palácio do Planalto. Por determinação da Justiça, todos passarão a usar tornozeleira eletrônica e placa no peito, indicando “Doido varrido”.
» Vicente Limongi Netto,
Lago Norte
Inimigos da paz
Deram muito espaço
pra esses grupos de agitadores
agora corremos o risco
de termos muitos dissabores
Há muito tempo eles vêm
exagerando na mentira
são inimigos da paz
eles semeiam a ira
Criam inimigos,
mas quem é normal não vê
está provado que o que eles querem
é a permanência no poder
Os normais querem comida
os normais querem emprego
por favor, agitadores
precisamos de sossego
» Jeovah Ferreira,
Taquari
Inovação e saúde
Interessante e, ao mesmo tempo, prazerosa a leitura do artigo Concreto Sustentável, publicado por Vilhena Soares, em 16/8. A matéria evidencia uma inovação alternativa, para fins de uso na construção civil, apresentada por pesquisadores da Universidade Nacional de Cingapura. É sabido, por meio da literatura técnico-científica, que entulhos e outros restos de obras servem de esconderijo para aracnídeos, insetos, ofídios e roedores, muitos deles vetores de doenças epidemiológicas graves, tais como dengue, hantavirose e leptospirose (Machado, 2014, p.30/31). Portanto, além do fato das tecnologias viáveis apresentadas serem menos nocivas à natureza, conforme se depreende do texto, resta-se ainda evidente, no material alternativo apresentado, o importante fator relacionado à prevenção de contaminação, na saúde coletiva, sobretudo em tempos de pandemia de covid-19, vez que tem sido massivamente divulgado, pela ampla maioria dos veículos midiáticos de comunicação, a importância de se solidificar hábitos, tais como distanciamento social, uso coletivo de álcool gel, máscara etc.
» Nelio S. Machado,
Asa Norte
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