Visão do Correio

A guerra ainda não terminou

Mais do que nunca, todos nós, mesmo que tenhamos tomado uma, duas ou nenhuma dose de imunizante, devemos manter a cautela

Correio Braziliense
postado em 22/08/2021 06:00
 (crédito: Agência Brasil/Reprodução)
(crédito: Agência Brasil/Reprodução)

Quando tudo parecia caminhar para a normalidade, a pandemia do novo coronavírus volta a sobressaltar o Brasil. Desta vez, como era temido, devido à disseminação da variante Delta. Identificada primeiramente na Índia, a mutação altamente contagiosa logo ultrapassou as fronteiras do país asiático e transformou-se na principal causa de novas infecções no planeta. Agora, avança também pelo território nacional. Ligada à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a Gisaid, plataforma internacional de dados genômicos sobre a covid-19, apontou alta de 74% no número de diagnósticos da cepa, no país, nas últimas quatro semanas.

Outro alerta vem de pesquisadores da Info Tracker, sistema de monitoramento da pandemia ligado à Universidade de São Paulo (USP) e à Universidade do Estado de São Paulo (Unesp). Em levantamento, eles atestam que a delta é responsável pela alta de casos no Rio de Janeiro e sinalizam que o mesmo ocorrerá em São Paulo. Para chegar a essa conclusão, eles traçaram cenários do que pode acontecer na capital paulista nas próximas semanas, comparando dados da metrópole brasileira com os de Nova York, Londres e Israel, onde, mesmo com a imunização em estágio adiantado, os casos de contágio pela Delta são predominantes. E o resultado, informaram, é que a cidade de São Paulo, a partir do mês que vem, deve registrar um forte aumento no número de infectados em consequência do avanço da nova cepa.

Por essa razão, ninguém deve relaxar nos cuidados contra a covid-19. Afinal, o avanço da vacinação trouxe bons resultados até agora, como mostra o mais recente Boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Divulgado na quinta-feira, o estudo confirmou a redução no número de casos, internações e mortes por covid-19 no país, pela oitava semana consecutiva. No entanto, um dia antes, outro estudo da Fiocruz, o Infogripe, constatou alta no número de casos de síndrome respiratória aguda grave em quatro das 27 unidades da Federação, sinalizando possível crescimento nos diagnósticos de covid-19, que é, hoje, a doença respiratória prevalente no país.

Baseados na realidade mundial, profissionais que monitoram a evolução global da pandemia não se cansam de repetir: não é hora de discussões descabidas sobre o uso ou não da máscara. Estudos nos Estados Unidos, país que voltou a registrar aumento no número de casos e de mortes por coronavírus impostos pela variante delta, mostram que o patógeno infecta tanto pessoas vacinadas quanto aquelas que ainda não tomaram o imunizante. E ambas transmitem igualmente o vírus. A diferença é que 99% dos óbitos e dos casos graves da doença, nos EUA, foram registrados entre os não vacinados. Mesmo assim, lá, são inquietantes os registros de crianças infectadas pela delta e o aumento de internações de idosos.

Por isso, nos Estados Unidos, foi aprovada a aplicação de uma terceira dose de imunizante para a população com idade mais avançada. No Brasil, o Ministério da Saúde indicou que deve seguir o exemplo dos EUA e estimou que deve iniciar a injeção de reforço em idosos a partir de setembro. Diante desse quadro, a reabertura da economia e outras medidas de flexibilização nas cidades e unidades da Federação devem ser tomadas com a maior cautela possível. E, mais do que nunca, todos nós, mesmo que tenhamos tomado uma, duas ou nenhuma dose de imunizante, devemos manter a cautela. Enquanto a pandemia não for, de fato, vencida, precisamos continuar usando máscara e dando preferência a atividades em locais abertos.

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