opinião

Visão do Correio: Os riscos de motins

Correio Braziliense
postado em 24/08/2021 06:00

Assim como as Forças Armadas devem cumprir seu papel constitucional e se afastarem de aventuras golpistas, as polícias militares não podem se render à insubordinação. Elas são pagas pela população para protegê-la, não para liderarem motins que objetivam retirar direitos e atacar as instituições. Se as lideranças policiais insistirem em abraçar as causas bolsonaristas e colocar a democracia em risco, cometerão crime. E terão de ser punidas com o rigor da lei.

Fez muito bem o governador de São Paulo, João Doria, em afastar um coronel que comandava sete batalhões da PM espalhados por 78 municípios do interior paulista. Por meio das redes sociais, ele convocou os policiais para a manifestação de Sete de Setembro em favor do presidente Jair Bolsonaro, criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e chamou o tucano de cepa indiana do novo coronavírus e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de covarde.

Se não agirem com rigor, os governadores perderão o controle das polícias militares. A politização dentro dos quartéis se espalhou por completo, e muitos dos que estão à frente das tropas endossam o estilo autoritário de Bolsonaro. Para os policiais, os chefes dos executivos estaduais, em sua maioria, estão mais preocupados em responder às instituições de direitos humanos do que em enaltecer o duro trabalho de quem enfrenta a violência nas ruas. Um discurso falso, alimentado pelo presidente da República para arregimentar seus seguidores fanáticos.

O risco de insubordinação das polícias militares é tamanho que integrantes das Forças Armadas, que rechaçam os movimentos de Bolsonaro por um golpe, fizeram chegar aos governadores a preocupação com o que pode acontecer. Teme-se que uma turba armada decida tomar as ruas acreditando que pode destituir políticos legitimamente eleitos pelo povo e invadir o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. É preciso, portanto, limar o mal pela raiz o quanto antes.

Na reunião de governadores em Brasília, realizada ontem, a ameaça de motins organizados por policiais país afora ocupou parte do debate. A percepção é de que a situação é mais grave em estados governados por opositores de Bolsonaro, como Ceará, São Paulo e Pernambuco. Cientes do perigo, os chefes dos governos estaduais precisam desmontar rapidamente os movimentos. Não há espaço para vacilos. A autoridade e a obediência à lei devem prevalecer.

Aqueles que pregam o caos precisam botar a mão na consciência, pois, quanto mais turbulento for o quadro político, pior será para a economia. Quem vai aos supermercados sabe que os preços dos alimentos estão descontrolados.

Com o desemprego nas alturas, sete em cada 10 famílias estão endividadas e parte delas não consegue pagar contas básicas, como as de água e luz. A miséria se espalha pelas ruas. Portanto, há muito a ser feito para melhorar a qualidade de vida da população. O Brasil não pode se render a arruaceiros.

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