opinião

Visão do Correio: Inflação faz estrago

Correio Braziliense
postado em 26/08/2021 06:00

A inflação está castigando os brasileiros. Independentemente da renda, todos estão sofrendo com a carestia, que está disseminada. Em quatro capitais, os índices captados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já passam de dois dígitos e não há perspectivas de melhora nos próximos meses. Alimentos, energia elétrica e combustíveis comandam a destruição do poder de compra da população.

Prévia da inflação oficial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou aumento de 0,89% em agosto, o pior resultado para o mês desde 2002, acumulando alta de 9,30% em 12 meses. As remarcações se mostram tão fortes, que, nos últimos dois meses, nenhuma categoria de trabalhadores teve aumento real nos salários, conforme levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Pelos dados da instituição, em 12 meses até julho, os salários tiveram correção média de 7,6% e a inflação usada como referência para as negociações entre empresas e empregados cravou 9,2%.

O resultado disso, acrescenta a Confederação Nacional do Comércio (CNC), é o endividamento recorde das famílias: 72,9% têm débitos a pagar. Não é só. Estudorealizado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que a pobreza aumentou em 24 das 27 unidades da Federação.

O maior avanço foi no Distrito Federal. O total de pobres na capital do país saltou de 12,9% para 20,8% da população entre o primeiro trimestre de 2019 e janeiro de 2021 — incremento de 7,9 pontos percentuais.
Toda essa deterioração financeira dos brasileiros está se dando em meio a uma grave crise política no país, o que só tende a agravar o quadro.

O governo, que deveria trabalhar pesado para amenizar a situação, dá sinais de paralisia. O presidente da República continua no palanque e incendeia o embate com os demais Poderes — em especial, com o Judiciário. A energia que poderia ser dispendida para a execução de políticas sociais está indo pelo ralo. Um absurdo.

Não é possível que a sociedade aceite, passivamente, esse cenário dramático. É urgente um movimento de pressão para que as autoridades reajam aos anseios da população. As perspectivas de a situação sair de controle são grandes, sobretudo, porque está no horizonte um novo racionamento de energia elétrica. Oficialmente, o Ministério de Minas e Energia não confirma que há riscos gerais de apagões, mas pede à população e às empresas que economizem nas contas de luz.

É impressionante como tudo pode piorar no Brasil — e muito rapidamente. Até algumas semanas atrás, havia uma euforia com as estimativas de o Produto Interno Bruto (PIB) crescer mais de 6% neste ano e pelo menos 4% em 2022. Agora, as expectativas para 2021 caminham para 5% e, no ano que vem, para 1%. A tradução mais clara disso é o desemprego elevado e o avanço da pobreza. Ou seja, o caos social.

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