opinião

Visto, lido e ouvido — Aumentos tarifários de energia e respeito ao meio ambiente

Desde 1960

Circe Cunha (interina)
postado em 28/08/2021 06:00

Ditado conhecido diz, com propriedade, que: “É quando as águas baixam, que podemos ver quem nadava nu”. Trata-se aqui de um aforismo que, embora possa ser aplicado a diversas situações, serve como luva de pelica para a atual crise hídrica experienciada agora pelos brasileiros de modo severo, como um anúncio antecipado de maus augúrios.

O que está por vir pode ser lido por todos nas pedras que ficavam no fundo dos rios e que agora estão expostas ao sol escaldante. O que as pedras dizem é que o futuro promete ainda menos água correndo sobre o leito dos rios, secas prolongadas e uma saudade do tempo em que os rios corriam fartos em águas cristalinas e com peixes diversos.

O que estamos fazendo com o mundo à nossa volta e com o nosso território não pode ser nominado por expressões civilizadas. A baixa severa e histórica de muitos rios do nosso país, como é caso do Rio Paraguai, responsável por banhar com suas águas uma área pantanosa de 195 mil km² e por onde é escoada grande parte da soja que o agronegócio exporta para países como a China para a engorda de suas manadas de porcos, acende a luz vermelha para os riscos que esse tipo de agricultura causa ao nosso meio ambiente.

A baixa desse importante curso d’água expõe a nudez moral e ética de todos aqueles que, direta e indiretamente, estão provocando o assoreamento e a seca do Rio Paraguai, destruindo o riquíssimo bioma do Pantanal em busca de lucros fáceis para uma pequena minoria de falsos agricultores, enfeitiçados pela cor esverdeada dos dólares. Os verdadeiros agricultores são aqueles que respeitam o meio ambiente e a variedade de vida da flora e da fauna, pois sabem que é desse complexo sistema que retiram o sustento para si e para os seus.

Está nu, portanto, nessa tragédia, o atual governo, que assiste inerte às maiores queimadas já ocorridas no Pantanal e que, ao se posicionar cegamente ao lado do agronegócio, como salvação da balança comercial do país, empreendeu um desmonte completo de todos os órgãos de fiscalização e controle do meio ambiente e ainda colocou no comando da questão um ministro apontado em todo o planeta como inimigo declarado do meio ambiente.

Um sobrevoo em algumas regiões dentro da Bacia do Rio Paraguai dá mostras do desastre ambiental que aquela parte do país vem sofrendo, o que pode prenunciar mais um período de enormes queimadas para o Pantanal, demasiado devastado pelos incêndios ocorridos no ano passado. O mais incrível é que não se ouve qualquer alerta por parte das autoridades, devidamente avisadas antecipadamente da iminência desses desastres. Trata-se, aqui, de uma situação anunciada e, mais uma vez, ignorada.

Em algumas regiões, a profundidade do Rio Paraguai chega a menos de 40 centímetros, uma situação impensável até pouco tempo, quando se sabe que esse Rio é um importante corredor fluvial para embarcações de todo tipo. A situação do Rio Paraná, onde deságua o Paraguai, também é crítica e compromete outros países limítrofes do Brasil.

A crise hídrica, ao mostrar na prática os estragos provocados por uma agricultura depredativa sobre o meio ambiente, impactando a fauna e a flora ao longo de nossos principais cursos d’água, chega ao consumidor na forma de alta de preços, sobretudo na geração de energia por hidrelétricas. Talvez os apagões que se anunciam no fornecimento de energia e na elevação tarifária desse insumo possam fazer as autoridades entenderem que isse é apenas parte de um problema muito mais complexo e que tem seu início no respeito ao meio ambiente.

 

A frase que foi pronunciada

“Às vezes, não enfrentamos o que está acontecendo em nosso mundo, seja uma crise de água ou uma crise da terra, porque é um pouco assustador e doloroso. Assim como não queremos enfrentar as partes de nós que são um pouco desconfortáveis ou doloridas. Temos que enfrentar os dois e amar os dois para que possamos curar os dois.”

Alysia Reiner

 

Neoenergia
Vale a pena algum diretor da própria empresa ligar para o número 116, de preferência entre 18h e 19h, para ver como está o atendimento ao público. Uma lástima.

 

Curiosidade
Para quem não sabia, um deputado federal cearense anunciou no plenário que a deputada Alice Portugal estava ao lado de sua madrinha, a deputada Jandira Feghali.

 

Prata da Casa
Brilha, com um currículo invejável, o nosso Néviton Barros, músico extremamente talentoso. Como doutor, faz parte do quadro, como professor-adjunto de Estudos Corais e diretor do Coro da Faculdade Muhlenberg College. A frase de vida de Néviton é: “Se você pode ser qualquer coisa nesse mundo, comece sendo gentil”.

 

História de Brasília

A iluminação da pista de alta velocidade, no subsolo da Rodoviária, está deficiente demais. Há trechos de mais de cinquenta metros sem uma única lâmpada acesa. Todas queimadas.
(Publicada em 7/2/1962)

 

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