opinião

Visão do Correio: Socorro ao povo afegão

Correio Braziliense
postado em 28/08/2021 06:00

A ocupação do Afeganistão pelo grupo extremista Talibã abre mais uma chaga humanitária no planeta. A tomada do país não surpreendeu os Estados Unidos. Desde maio, os talibãs preparavam uma ofensiva para a tomada do país. Foi ação anunciada após a decisão do presidente Joe Biden de retirar tropas norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) do país, após 20 anos do início da ofensiva dos EUA contra as práticas terroristas do então líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York e em Washington. Biden não acolheu o apelo dos aliados para postergar a saída dos militares, e marcou a data para a próxima terça-feira.

As agências da Organização das Nações Unidas (ONU) preveem que pelo menos 18 milhões de afegãos — metade da população — serão vítimas da crise instalada naquele país. Antes da ocupação, a população enfrentava situações dramáticas, que tendem a se agravar com a proximidade do inverno, da seca e da crise sanitária mundial causada pelo novo coronavírus. Hoje, mais de meio milhão de afegãos estão desabrigados, sendo 80% mulheres e crianças, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

A fome se alastra pelo país. O Programa Alimentar Mundial enfrenta barreiras para levar comida aos afegãos, embora tenha conseguido ajuda solidária de países vizinhos, como Uzbequistão, Paquistão e Turquemenistão, que colaboraram com 600 toneladas de produtos alimentares, por meio de travessias humanitárias. Mas apenas 50% chegaram aos afegãos. As dificuldades podem se aprofundar com a provável escassez de água e alimentos, decorrente do período de estiagem no país. A diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Henrietra Fore, prevê que as necessidades humanitárias aumentarão nos próximos meses e espera expandir as operações do organismo para áreas que, anteriormente, não eram alcançadas.

O acesso ao atendimento médico também está comprometido, devido aos embargos à chegada de equipamentos e remédios à capital afegã. O aeroporto local está interditado, em razão das operações militares para a retirada de estrangeiros e de afegãos que tentam sair do país a qualquer custo, temendo as ações dos talibãs.

Para os observadores, o discurso dos líderes talibãs de que os direitos das mulheres serão respeitados e de que elas participarão do futuro governo tem pouca, ou nenhuma, chance de se tornar realidade. Grande parte das mulheres voltou a usar a burca. Elas temem os estupros e o sequestro de adolescentes para serem escravas sexuais dos dominadores, entre outras atrocidades. Afegãos residentes no Brasil temem que seus familiares que vivem no Afeganistão sejam vítimas dessas práticas ou de execuções sumárias.

Na última quinta-feira, pelo menos 170 pessoas morreram, incluindo 13 militares americanos, no atentado terrorista do Estado Islâmico-Khorasan (ISIS-K) no aeroporto internacional de Cabul. Diante de mais esta tragédia, há consenso de que é fundamental uma concertação entre as nações mais ricas para a libertação do povo afegão e evitar que mulheres e crianças sejam vitimadas pela inominável truculência dos extremistas, que banalizam a vida e se opõem aos valores humanitários e civilizatórios do século 21.

 

 

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Diferenças
A foto do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estampada nas capas de jornais mundo afora, demonstrando consternação pela morte de pelo menos 170 pessoas no Afeganistão, incluindo 13 fuzileiros dos EUA, é emblemática. Despido da face presidencial, do homem mais poderoso do planeta, veste-se a de cidadão compartilhando a dor de seus compatriotas abatidos na tragédia. E, aqui, não vem ao caso, observações de análises estratégicas de política internacional, beligerância e congêneres. Refiro-me ao sentimento. Expressou ele: “Foi como se houvesse um buraco negro no peito”. Em entrevista coletiva, pediu um minuto de silêncio. Treze concidadãos mortos deixaram-lhe extenuado. Faça-se um corte situacional para quase 600 mil brasileiros mortos por covid, e vejam as reações da índole de nosso presidente. Ele é a efígie da indiferença, o oco existencial, o desdém com o clássico macabro “E daí?” Treblinka parece ser seu parque de diversão.
Eduardo Pereira, Jardim Botânico

 

Pix
Afirma a reportagem do Correio (Blog do Vicente) que os bancos querem que o Banco Central imponha limites no Pix para evitar crimes. No entender das instituições financeiras, uma vez que os limites para transferências são totalmente liberados e, na hora do assalto, as vítimas podem ser obrigadas a ampliar os valores de movimentação, seria importante colocar uma trava. Somente sendo ingênuo para acreditar nisso. Não cabe ao Banco Central impor limites ao Pix, mas, sim, aos clientes, deliberadamente, requerer aos seus bancos limites de transferências via Pix, por seu próprio risco e na esfera de suas necessidades e costumes. O que querem os bancos é o de sempre: criar dificuldades para vender facilidades e atrapalhar os clientes de mexer no seu próprio dinheiro, para cobrar tarifas extras e forçar o uso do DOC e do TED. Novas ideias, velhos costumes.
Ricardo Santoro, Lago Sul

 

Economia
O ministro Paulo Guedes, da Economia, parece que perdeu o juízo ou desaprendeu o que auferiu nas faculdades ou na vivência no meio econômico. De tanta bobagem que fala, causa arrepio até a quem não sobrevive de salário mínimo. Ele chegou a afirmar, na Câmara dos Deputados, que, sem o parcelamento dos precatórios, é impossível pagar o auxílio emergencial e comprar vacinas. Já havia somado em seu rosário de incongruência que o país ia tão bem que até empregada doméstica estava fazendo turismo nos Estados Unidos e na Europa. Assim, vê-se que não enxerga um milímetro além do nariz, pois a inflação está galopante, motivada pelo aumento sistemático dos combustíveis de veículos, como gasolina, óleo diesel, álcool e óleo lubrificantes em geral. A PEC do Calote (Projeto de Emenda à Constituição), que propõe alterar a Carta Magna para determinar o parcelamento dos precatórios, causa insegurança jurídica e desconfiança aos investidores estrangeiros que ainda se afoitam em se estabelecer no Brasil. Tanto isso é verdade que a Ford foi a primeira a deixar o país. Mas não só são esses absurdos: a alteração da Lei Maior vai influir nas dívidas dos estados e municípios, que não são obrigados a pagar auxílio emergencial e comprar vacinas. A OAB e outros órgãos de proteção à sociedade estão caladinhos, enquanto a Carta Magna chora e a Justiça começa a ficar de luto, porque ofende o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
José Lineu Freitas, Asa Sul

Desabafo

Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição

Política é coisa séria. É caminho para a nação e referência para os jovens. Deve dar orientações e engrandecer a paz. Lamentáveis alguns comentários de autoridades.
Marcos Gomes Figueira — Águas Claras

 

Em vez de feijão, compre fuzil, recomenda o presidente. Assim, elimina-se a fome com a morte, e o Brasil fica livre dos miseráveis.
Joaquim Honório — Asa Sul

 

A afeição do presidente Bolsonaro pelos brasileiros e pela vida é de matar.
Giovanna Gouveia — Asa Sul

 

O milagre da Presidência: o 04 do clã Bolsonaro muda para mansão no Lago e pagará um modesto aluguel de R$ 15 mil mensais.
Arthur de Castro — Asa Sul

 

O sistema espremeu e transformou nosso ministro em bagaço. Primeiro, era o Posto Ipiranga. Depois, Rolando Lero. Agora, Cheerleader com saiote xadrez e bastonete. Realmente, o homem virou suco!
Luis Baldez — Asa Sul

 

Para Paulo Guedes, qual é o problema da conta de luz mais cara? Nenhum problema, pois são os idiotas dos contribuintes que lhe pagam a conta.
Mário Fonseca — Octogonal

 

 

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