Conhecido e respeitado por fazer as projeções mais certeiras no mundo sobre a atual pandemia, o Instituto para Métricas de Saúde e Avaliação (IHME), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, traçou, em maio passado, três cenários sombrios sobre mortes por covid-19 no Brasil. No mais pessimista deles, o país chegaria a 973 mil óbitos no início de setembro. No intermediário, 832 mil pessoas perderiam a vida. No mais otimista, morreriam 779 mil brasileiros. Graças, principalmente, à vacinação, nenhuma das três hipóteses se confirmou. Mesmo assim, não há motivos para comemoração: o Brasil encerra agosto com quase 600 mil mortes por coronavírus.
Lamentavelmente, é uma perda assombrosa. Desesperadora. No mundo, de acordo com dados oficiais, o Brasil só fica atrás dos EUA em números absolutos de óbitos por covid-19. E, na estimativa com base na população, o país é o sexto do planeta no ranking macabro. Vale destacar que as projeções do IHME — que fornece dados para a Casa Branca e para a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), avaliarem medidas de combate à pandemia — foram feitas com base na realidade brasileira de maio, depois de o país registrar média diária de mais de 3 mil mortes em abril passado. À época, a vacinação no país ainda era incipiente.
Hoje, a realidade é outra. Pela quinta semana seguida, a vacinação vem derrubando o número de mortes e internações no país. Apesar disso, no mais recente Boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz, pesquisadores voltam a observar que a imunização, com cerca de 1 milhão de injeções por dia, ainda avança em ritmo aquém da capacidade de distribuição e de aplicação de doses pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que é de 2 milhões por dia. Mesmo assim, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos no percentual de habitantes que receberam pelo menos uma inoculação de imunizante contra a covid-19 e se tornou um dos países com vacinação mais adiantada, um feito impensável havia poucos meses.
Contudo, o momento exige cautela redobrada. Sobretudo, destaca a Fiocruz, devido ao avanço da variante Delta. Identificada, primeiramente, na Índia, a cepa se transformou na principal causa global de novas infecções e mortes. Uma das provas desse perigo vem da cidade do Rio de Janeiro, que se tornou o epicentro da mutação no Brasil. Como ocorre em outros países, a Delta é mais contagiosa e voltou a impulsionar o número de casos, internações e mortes em outros países, mesmo entre pessoas vacinadas, como nos EUA. No entanto, os casos graves e mortes ocorrem, em mais de 99% das vezes, entre indivíduos que não se imunizaram. O que reforça a importância crucial da vacina.
No Brasil, mais um sinal da necessidade de redobrar os cuidados vem de outro estudo da Fiocruz. Divulgado na quinta-feira, a nova edição do Boletim Infogripe constatou interrupção na queda do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e indicou alta em quatro estados: Bahia, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Atualmente, 98% dos casos de Srag são causados pela covid-19. Conclusão: o melhor é ninguém cair na tentação de tirar a máscara, agora. Além do pedido para que a população continue usando a proteção facial, que protege tanto da covid quanto de outras doenças respiratórias, pesquisadores da Fiocruz reforçam a importância do distanciamento físico entre as pessoas. Seguro, como bem diz o ditado, morre de velho.
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Lógica
Sou professor de redação e estava trabalhando com crianças do 7º ano o conteúdo “Textos regimentais”. No momento em que explicava a eles a questão do poder de sanção ou veto do presidente acerca de uma lei, um aluno questiona: “Mas se ele é o presidente, ele não pode simplesmente mandar e as pessoas obedecerem?”. Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, um outro aluno, de apenas 12 anos, vira para o colega e manda essa: “Aí não seria democracia, seria ditadura!”. Eu fico com a pureza das crianças.
Luiz Thiago Mendonça, Octogonal
Paciência
Bolsonaro pede que a população economize energia, alegando que “estamos no limite do limite”. Nessa linha, os brasileiros também estão no limite do limite com Bolsonaro. Ninguém aguenta mais a falta de limites do presidente com adversários e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Tornou-se insuportável a falta de limites e de compostura do ainda chefe da nação, debochando das recomendações da ciência. Passaram dos limites do bom senso as deploráveis recomendações de Bolsonaro para seguidores. A maioria esmagadora da população conta os dias para ver o mito de barro fora da Presidência.
Vicente Limongi Netto, Lago Sul
Racismos
Há leis e leis neste país. Algumas, costumam dizer, “pegaram”. Elas são citadas e respeitadas pelos juízes, que julgam e punem os infratores nas leis. Outras são indiferentes, como se não existissem. Normalmente, são aquelas que favorecem os invisibilizados pelo poder públicos e seguem inexistentes nos tribunais, exceto se for para tirar da sociedade pretos, pardos, pobres, as mulheres que são mães solos e outros que compõem o estrato dos negligenciados. Há leis e leis. Quando se trata de racismo, praticado pelos supremacistas brancos, crime, previsto como inafiançável e imprescritível, vira injúria racial. Os demais tipos de racismo, como ambiental e religioso, ou os fóbicos (homofóbicos, gordofóbicos...) sequer existem. Danem-se os ofendidos. A destruição da estátua de Ogum, uma obra de arte, na Prainha, passará impune, como ocorre tradicionalmente. A polícia está somando para as tradições religiosas dos afro-brasileiros, apesar de depredação ser uma manifestação de racismo étnico e religioso, além de ser um ataque vil a um bem público, ali colocado com dinheiro público. Mas o ato criminoso tem punição prevista nas leis que não “pegaram”, invisíveis ao Judiciário, preocupada em proteger as elites e aplicar os rigores da lei aos menos favorecidos — cadeia é feita para os PPs (pretos e pobres). Um estímulo aos mal-educados, à continuidade da segregação étnica, à impunidade e ao desrespeito aos valores daqueles que, embora numericamente são a maioria da população, estão apartados de seus direitos fundamentais, garantidos pela Constituição de 1988.
Joaquim Honório, Asa Sul
Negacionismo
Na coluna Eixo Capital (27/8), o articulista Carlos Alexandre de Souza, sob o título “Negacionismo religioso”, reporta-se ao ataque de vândalos à estátua de Ogum. Contudo, ao indicar a localização do monumento, o periodista informa que ele se encontra próximo à Ponte Honestino Guimarães. Não sei se por ignorância, má-fé ou motivação política. Como é sabido, trata-se da Ponte Costa e Silva. Creio que é um caso de “negacionismo político”.
José Paulo Mendes de Oliveira Castro, Asa Sul
Futebol
O brasileiro, como dizia aquele personagem televisivo “é tão bonzinho...” Discordo, do alto de meus mais de 80 anos. Gosto de ser brasileiro, não viveria em outro lugar, mas não sou néscio ou abestado. Somos dissimulados, escondendo o racismo, a homofobia, metidos a espertos, fingindo alegria artificial, mas que se abespinha quando contestado:.bBasta ver que os transgressores, sejam nas artes, nos esportes, etc, são os mais admirados e mitificados. O fascista Felipão, adorador de Pinochet, é um deles. Muitos outros: o valentão Ratinho, o picareta Belo, os fanfarrões Sérgio Reis, Marcão do Povo, Sikeira são cultuados. Edmundo, Romário, Serginho Chulapa e o desleal pastor Marcelinho Carioca também são exemplos de admiração desvirtuada. Este assunto me veio à mente ao assistir uma entrevista com o Lobo (digo, Raposa) Zagalo. A mídia o endeusa, e eu o renego. O entrevistador falava no seu “gênio forte”. Isso é eufemismo para grosseirão. Quando ele era técnico do Botafogo, eu tinha muitos amigos entre os jogadores. Todos o rejeitavam principalmente por perseguir Afonsinho, que era estudante de medicina. Diziam que era despeito pela diferença cultural. Sua frase — “Vão ter que me engolir” — é a mais patética do futebol brasileiro. É mais tosca do que aquela do craque Nunes narrando como fez um gol: “Eu fui indo, indo e acabei fondo...”. Foi irresponsável na convulsão de Ronaldo. Por covardia do médico da delegação, colocou em campo um ser estropiado, sem condições musculares após espasmos violentíssimos. Qualquer leigo sabe que a pessoa convulsionada fica um caco, menos o dr. Zagalo. Só não jogaria se tivesse um tumor cerebral? Espero que o técnico tenha saúde, mas não retiro uma vírgula do que narrei. Sei que vou virar Geni, mas não consigo ser hipócrita.
Renato Vivacqua, Asa Norte
Desabafo
Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição
Wendell Belarmino é ouro pro Brasil! Um gigante da natação! Orgulho nosso! Show! Parabéns pela conquista espetacular!
José Ribamar Pinheiro Filho — Asa Norte
Parabéns aos medalhistas brasileiros nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Muita garra.
José Matias-Pereira — Lago Sul
Apuração parcial: 57.800.000 votos, transformados em 578.000 mortes...
Vital Ramos de Vasconcelos Júnior — Jardim Botânico
Agora, a agenda do país é o 7 de setembro? Já resolveram a pandemia, a inflação e a crise do setor elétrico?
Marcos Gomes Figueira — Águas Claras