OPINIÃO

Visto, lido e ouvido — Os males do ócio no poder

Desde 1960 Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br
postado em 02/09/2021 06:00

Temerosos com o que possa ocorrer durante as manifestações de Sete de Setembro, muitos governadores se anteciparam aos acontecimentos e decretaram ponto facultativo para o dia anterior (6/9), na intenção de esvaziar possíveis agitações descontroladas. Trata-se de medida sensata e que pode surtir efeito benéfico no sentido de resfriar os ânimos, levando parte da população a programar, quem sabe, um fim de semana mais prolongado, de preferência longe dos centros urbanos e agitos.

Muitos moradores que residem próximo às avenidas, onde estão previstas essas manifestações, estão tratando de se ausentar dessas áreas, com medo do que possa acontecer. Essa é, até agora, a triste realidade que muitos brasileiros enfrentam para fugir do caos. E pensar que, no passado, essa era uma data aguardada por todos. O Sete de Setembro, em épocas passadas, era comemorado festivamente e com certo orgulho como sendo o Dia da Independência e do nascimento de uma nação. Agora, teve seu propósito, momentaneamente, alterado não de modo incidental, mas maldoso, para atender a outras finalidades, obviamente não ligadas aos justos anseios do conjunto dos cidadãos brasileiros.

É preciso dizer, com todas as letras, que o Sete de Setembro não pertence a esse nem a nenhum outro poder de passagem e muito menos pode servir de chamariz para manifestações de claques incultas, que desconhecem o verdadeiro significado da data para a nacionalidade. Trata-se, aqui, de oportunismo do tipo traiçoeiro, que utiliza datas nacionais para proveito próprio.

O que a história nos ensina é que nove de cada 10 ditadores que surgem pelo mundo utilizam a datas nacionais mais importantes, para deixar uma marca personalista nessas festividades, com o intuito de passar para a população uma imagem farsesca e subliminar de “pai da pátria”, a quem os filhos, no caso os cidadãos, devem, obrigatoriamente, recorrer em momentos de incertezas.

O Sete de Setembro não pode ser aviltado dessa forma, transformado em farsa política de qualquer partido que queira baderna. Em última análise, busca tão somente o estabelecimento de um tipo peculiar e tupiniquim de manipulação das massas de todos os lados da Praça dos Três Poderes.

Para aqueles analistas calejados com esses ciclos de instabilidade, provocados por quem não está satisfeito com os rumos do país e infectados pelo veneno da picada da mosca azul, o que temos pela frente é a mais pura incitação a arruaças, instigada por arruaceiros, que querem ver o Brasil arder em desunião e desordem.

Para alguns mais irônicos, o que está acontecendo deriva, unicamente, do excesso de ócio e de tempo vago, o que, em certas pessoas, acaba provocando um certo impulso em puxar a toalha da mesa do jantar, apenas para ter o prazer instantâneo de ver as taças de cristais e todo o resto voando pelos ares. Como diria o filósofo de Mondubim: “Dá uma vassoura ou uma enxada para essa gente!” 

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