Finalmente, a média móvel de mortes pela covid-19 vem caindo em todo o país. Nas últimas 10 semanas, passou de mais de milhares para centenas de óbitos diariamente e segue em declive. Mas esse alento não significa uma vitória sobre a pandemia — estamos longe de ter o que comemorar. Desde o início da crise sanitária, em 2020, até ontem, quase 600 mil pessoas foram derrotadas pelo novo coronavírus e suas variantes, cada vez mais agressivas. Porém, revela que o avanço da vacinação tem uma relação direta com essa redução das mortes. Hoje, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking global de perdas de vidas (581 mil vítimas), à frente da Índia (439.895) e atrás somente dos Estados Unidos (646.170).
A redução dos óbitos está longe de ser uma trégua na guerra travada contra o vírus. As variantes do novo coronavírus, como a delta, têm capacidade de transmissão mais rápida e potencial de mortalidade mais elevado. Desprezar as restrições sanitárias, como uso de máscara, higienização das mãos com água e sabão ou álcool 70º, além de manter o distanciamento físico, pode significar dar sorte para o azar, ou seja, se infectar, com desdobramentos imprevisíveis.
Os cuidados valem, também, para aquela parcela de pouco mais de 30% que concluiu o ciclo de imunização, após receber a segunda dose das vacinas disponíveis no país. Tanto é assim que, hoje, especialistas indicam a necessidade de uma terceira dose como reforço. Em alguns países, essa providência vem sendo adotada, devido às novas cepas, que tornam o Sar-Cov-2 mais letal. No Brasil, essa nova etapa começa em 15 de setembro.
O Instituto Butantan fez o sequenciamento genético de 19 mil amostras coletadas de pacientes com covid-19 desde o início da pandemia. O estudo identificou 36 variantes menos agressivas que a gama, dominante até agora. A delta, por sua vez, começa a ganhar espaço pela rapidez de transmissão e por ser mais danosa. Na capital paulista, há poucos dias, foi registrada a primeira morte pela delta. A assombrar os latinos está a variante mu, responsável por 39% dos casos na Colômbia, por 13,8%, no Equador, e 14%, no Chile. Os epidemiologistas dos países vizinhos alertam para a provável ineficácia das vacinas para conter a letalidade da mu.
O vírus — e o mundo é testemunha — não respeita fronteiras. No momento, está concentrado nos vizinhos latinos. Mas já foram identificados casos em Minas Gerais. Diante da recém-ameaça, as autoridades brasileiras não podem baixar a guarda. O momento exige que o ritmo de vacinação dos brasileiros seja cada vez mais célere e abrangente. Há poucas semanas, a mídia nacional mostrou que os leitos das UTIs voltaram a ser ocupados por idosos que rejeitaram a imunização, elevando o número de óbitos no país. O governo e todas as unidades da Federação, por sua vez, não devem desprezar a ideia de reforçar os vacinados com a terceira dose nem exagerar na flexibilização das regras sanitárias de proteção. As boas-novas não representam um nocaute no Sar-Cov-2 e todos os derivados desse mensageiro da morte.
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