Não, não está tudo bem. E tudo bem admitir isso! A vida não voltou à normalidade, como muitos tentam propagar por aí, nem tão pouco a pandemia chegou ao fim.
Resta a nós tentarmos lidar da melhor forma possível com a situação. “A gente tende a ser muito rígido com nós mesmos, estamos vivendo um processo muito longo de estresse, e a cobrança está maior. A gente se engana falando que está tudo bem, e não está tudo bem”, ponderou a diretora de Atenção à Saúde da Universidade de Brasília (UnB), Larissa Polejack, em entrevista recente dada a mim, no CB.Saúde. A fala dela deu um alento ao meu coração.
São tempos terríveis em todo o mundo, mas, para nós, brasileiros, com toda a nossa desigualdade, a pandemia só intensifica a derrocada econômica e social. São mais de 580 mil mortos e famílias inteiras dizimadas pelo vírus; o número de desempregados já ultrapassou 14,4 milhões; sem falar nos altos preços do combustível, da luz, do gás, dos alimentos... As pessoas estão passando fome. Só não vê quem não quer. Mas em um país onde ainda impera o negacionismo, é fácil fingir que está tudo bem.
O planeta inteiro está sofrendo, mas, arrisco dizer, que nós estamos mais. O Relatório Mundial da Felicidade, elaborado todos os anos pela empresa de pesquisas Gallup, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), mostrou que o Brasil perdeu 12 posições no ranking de países mais felizes em 2021 — despencamos para a 41º colocação. Logo nós, que temos fama de ser um povo alegre.
Como podemos resgatar a felicidade? Que tal começarmos por nós mesmos? Uma sugestão: neste Setembro Amarelo, que alerta para a importância de estarmos com a saúde mental em dia, vamos ficar atentos aos sinais que o nosso corpo tem dado. “Se você tem pensamentos recorrentes de preocupações, se não dorme bem, se percebe que já não está se vendo, é o momento de procurar ajuda profissional”, ensina Larissa Polejack, com propriedade de quem sabe sobre o que está falando.
A psicóloga da UnB vai além: “Esquecemos os passos de autocuidado, então precisamos notar o que proporciona prazer, seja uma música, uma leitura, cozinhar, fazer um esporte, enfim... É se perguntar: o que me mantém de pé? E essa pergunta é fundamental para a gente se ouvir mais”.
Não, não está tudo bem. Mas precisamos cuidar de nós mesmos, para poder seguir cuidando uns dos outros. Que cada um de nós possa construir um espaço de saúde e sanidade pessoal, para, então, estender o olhar e as mãos para nosso entorno de família, amigos, comunidade. Nesse tempo de tanto descaso e desumanidade, vamos manter acesa a chama da gentileza e do cuidado, começando com nós mesmos. Aí, ficará tudo bem.
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