Em meio ao boom do rock no Brasil na década de 1980, chamava a atenção a presença marcante de um cantor e compositor que, com seu pop romântico, ocupava espaços generosos em paradas de sucesso das rádios FM e das trilhas sonoras de novelas. Visto como um hitmaker, Guilherme Arantes compunha compulsivamente e embalava namoros com canções melodiosas. Era o oposto do pianista de formação clássica, sonhado pelos pais.
O jovem paulistano que, na adolescência, na década de 1960, era frequentador assíduo e atento dos festivais da TV Record, viria a se tornar conhecido pelo grande público ao criar Meu mundo e nada mais, tema de abertura da novela Anjo mau, de Cassiano Gabus Mendes, grande sucesso da TV Globo, ao ser exibida em 1973.
Arantes, que está comemorando 50 anos de carreira, acaba de lançar o álbum A desordem dos templários, construiu uma obra formada por 25 discos — sem contar os que gravou ao vivo —, incluindo o lançado com a banda Moto Perpétuo; e empilhou incontestáveis hits. Como não se lembrar de Cheia de charme, Coisas do Brasil, Êxtase, Lance legal, Lindo balão azul, O melhor vai começar e Um dia, um adeus.
Tenho acompanhado a trajetória de Guilherme Arantes desde o começo. Em 1981, convidado para ser jurado do festival MPB Shell, estive presente em todas as eliminatórias, realizadas na antiga sede da TV Globo, no Jardim Botânico (Rio de Janeiro), e na finalíssima, no Maracanãzinho. Desde o início Planeta Água era vista como favorita. A canção de temática ecológica — na qual votei —, ficou em segundo lugar. A vencedora foi Purpurina, do compositor gaúcho Jerônimo Jardim, na interpretação de Lucinha Lins. O resultado foi recebido com vaias pelo público que superlotava o ginásio.
Em meados dos anos 1990, o cantor instalou no litoral baiano uma ONG, voltada para a educação e preservação ambiental, que recebeu o nome de Planeta Água.
Outro dos clássicos compostos por Guilherme Arantes é Amanhã, gravado também por Caetano Veloso. A letra, escrita há vários anos, mantém-se absolutamente atual. Um dos versos diz: “Amanhã, mesmo que uns não queiram/ Será de outros que esperam/ Ver o dia raiar/ Amanhã, ódios aplacados/ Temores abrandados, será pleno”.
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