Visão do Correio

Basta de autoritarismo

Correio Braziliense
postado em 09/09/2021 06:00

Aqueles que intencionam levar o Brasil para um regime de exceção precisam ter claro que a sociedade jamais abrirá mão da democracia. As mensagens passadas pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, um dia depois das manifestações de Sete de Setembro em favor do presidente Jair Bolsonaro, dão a exata dimensão de que não há espaço para arroubos autoritários. As instituições estão prontas para agir.

A energia que vem sendo gasta pelo chefe do Executivo para tumultuar o ambiente político deveria ser dispendida para enfrentar os problemas do Brasil real, que tendem a se agravar quanto maiores forem os ruídos provocados por Brasília. Um sinal evidente de repúdio a ameças ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso veio do mercado financeiro. Somente ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo tombou quase 4% e o dólar voltou a ficar acima de R$ 5,30.

Bolsa em queda significa destruição de riqueza — foram menos R$ 195 bilhões em apenas um dia. Dólar subindo é mais inflação. Assim, quanto mais prolongado for o quadro de desconfiança e de pessimismo, mais rapidamente a economia caminhará para o precipício. A inflação que está destruindo o orçamento da família — acumula alta de 9% em 12 meses — tenderá a sair do controle, desestruturando, também, o orçamento das empresas. O desarranjo geral significará mais desemprego. O caos social será enorme.

Não por acaso, o presidente do STF foi enfático: “O verdadeiro patriota não fecha os olhos para os problemas reais e urgentes do Brasil. Pelo contrário, procura enfrentá-los, tal como um incansável artesão, tecendo consensos mínimos entre os grupos que naturalmente pensam diferente. Só assim é possível pacificar e revigorar uma nação inteira”. Arthur Lira endossou: “Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O Brasil que vê a gasolina chegar a R$ 7 e o dólar valorizado em excesso”.

No entender de Rodrigo Pacheco, a solução para a crise na qual o país está mergulhado não está no autoritarismo, nos arroubos antidemocráticos, em questionar a democracia. “A solução está na maturidade política dos Poderes constituídos de se entenderem, de buscarem as convergências para aquilo que verdadeiramente interessa aos brasileiros”, afirmou. E acrescentou: “Não é com excessos, não é com radicalismo, não é com extremismo, é com diálogo e com respeito à Constituição que nós vamos conseguir resolver os problemas dos brasileiros”.

A pacificação do país, portanto, é mais do que urgente. Divergências sempre vão existir e fazem parte de um ambiente democrático sólido. É por meio do debate que se constroem soluções que beneficiam a maioria. Tentar minar as instituições a fim de abrir espaço para aventuras antidemocráticas foge totalmente desse escopo de nação. É retrocesso. O Brasil não se curvará ao autoritarismo.

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