Os impactos das manifestações de terça-feira (7/9) ainda são medidos. Políticos, empresários e lideranças da sociedade civil tentam encontrar a melhor forma de responder e, principalmente, de se preparar para os próximos ataques do presidente Jair Bolsonaro às instituições. Há uma clara crise política, que está longe de se dissipar. Uns falam em impeachment, o que mostra-se improvável no momento. E, hoje, há uma clara tendência de aumento da polarização, o que é preocupante. Por causa do radicalismo que vem a reboque.
Os protestos da Independência, no entanto, tornaram o cenário mais claro. Há, sim, uma expressiva parcela da população que está do lado do presidente. Muitos, por sua vez, sequer sabiam o que estavam apoiando. Um exemplo: ontem, nas redes sociais, uma das principais narrativas era de que a imprensa classificou os atos como antidemocráticos, mesmo tendo sido pacíficos. Só que não há nenhuma correlação. O que torna a manifestação antidemocrática é a pauta, não se teve violência ou não.
E, como sabemos, entre as demandas apresentadas pelos apoiadores de Bolsonaro estavam o fechamento e a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Quer uma pauta mais antidemocrática? A Constituição é clara. O Brasil tem três Poderes harmônicos e independentes. Se um deles é destituído, um outro Poder assume seu lugar. E a democracia deixa de existir.
Não para por aí. Existiam outras pautas antidemocráticas. Faixas na Paulista e na Esplanada pediam a suspensão de eleições e a utilização das Forças Armadas para fins institucionais. São demandas golpistas. Vão contra o atual Estado de direito. Então, caro leitor, ao participar do protesto, você fez coro contra a democracia brasileira. Mesmo que por algumas horas.
É preciso deixar claro que não há meia ditadura. Nem meia democracia. São regimes que não combinam. E todo brasileiro precisa ter isso em mente, porque só defende o autoritarismo quem tem algum interesse.
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