Hipocrisia
Parabéns ao ex-presidente Michel Temer pela façanha de colocar migalhas de bom senso e patriotismo na cabeça oca de Bolsonaro. O recuo é um colossal monumento à hipocrisia. Bons e sinceros sentimentos passam longe. Apesar dos rasgados elogios ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, o azedume que Bolsonaro nutre pelo magistrado permanece inalterado. Bolsonaro não engana brasileiros que raciocinam com a própria cabeça. O tom é de um desesperado chefe da nação que admite, por ora, que disse, como de costume, montes de asnices no Sete de Setembro. A nota, repleta de salamaleques, visa tentar tirar do atoleiro político um presidente destrambelhado e irresponsável. Restava saber por quanto tempo Bolsonaro conseguiria manter as aparências de cordeiro, aliadas ao tom da sensatez e do equilíbrio, necessários para o país voltar a trilhar o caminho do respeito às instituições. Mas a mudança não demorou nem 24 horas. Na quinta-feira (9/9), lá estava Bolsonaro ofendendo novamente o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, que lhe deu uma bela traulitada, ao abrir a sessão daquela Corte. A propósito, concluindo, fico honrado ao ver Barroso usar palavras duras sobre Bolsonaro. Traçando autêntico perfil do mito de plástico. Algumas delas usadas e reiteradas por mim, nas redes sociais e no Correio Braziliense. Definições e expressões como “sem compostura”, “farsante”, “motivo de chacota no exterior”, “ameaças, insultos e xingamentos são armas dos fracos”, etc. Os arquivos não mentem.
» Vicente Limongi Netto,
Lago Norte
Registro minha grata satisfação pela humildade e grandeza de espírito de nosso estadista Jair Messias Bolsonaro, ao recuar diante da mobilização dos partidos de esquerda e democráticos em sua luta contra o STF. A sua luta não deve ser contra o Judiciário, mas contra essa chaga social da covid-19. Ponto para o Presidente, que ganhou meu crédito!
» Simão Szklarowsky,
Asa Sul
Derrotas políticas nunca são boas. Por mais esforço que haja nas tentativas de encontrar palavras de consolo, é comum ouvir que o personagem derrotado “caiu de pé”, por exemplo, ou que saiu “engrandecido”, ou que a sua derrota teve “sabor de vitória”, como se diz em jogos de futebol. Mas sempre é possível, no momento do fracasso, tornar as coisas ainda piores do que são naturalmente. É o que pode vir a acontecer no pleito de 2022, com Jair Bolsonaro ou Lula, caso surja uma terceira via. Tudo que Bolsonaro precisa para manter-se na Presidência da República é conseguir, nestes próximos meses de mandato, adotar uma postura mais moderada e ética nas relações com o Legislativo e com o Judiciário. A maior arma do homem é o diálogo. Intransigências não levam a resultados positivos. Com meus respeitos, Bolsonaro tenta parecer um homem de “coração valente”, no entanto, consegue ser apenas incompreensível, e todo o seu esforço para aparentar resistência poderá acabar reduzido a uma exibição miúda de neurastenia de cólera, irascível e irresponsabilidade teimosa. O presidente Bolsonaro, depara- se com uma grave crise sanitária, com 15 milhões de desempregados, trata-se de um quadro de gravidade dramática que pode dar, às vezes, um verniz de fato histórico sério e possível rejeição na sua reeleição. Bolsonaro não é ajudado pelo fato que não precisou, em nenhum momento desses episódios, praticar algum ato de coragem. Não é uma versão de Salvador Allende, de capacete, colete à prova de balas (Bolsonaro usa diante do atentado) e metralhadora na mão, resistindo no Palácio de La Moneda, em Santiago do Chile, não há ninguém atirando nele do lado de fora. Não há nenhuma tropa armada atrás de Bolsonaro.
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
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