O Banco Central seguiu à risca o roteiro traçado e aumentou ontem a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, de 5,25% para 6,25% anuais, o nível mais elevado em dois anos. Foi a quinta alta consecutiva, e o Comitê de Política Monetária (Copom) já avisou que, em outubro, subirá os juros em mais um ponto, para 7,25%. Nesse patamar, a taxa Selic já superará aquela entregue por Michel Temer a Jair Bolsonaro durante a mudança de governo — de 6,50%.
Não havia outra alternativa para o BC. A inflação está em disparada. Em janeiro deste ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulava, em 12 meses, variação de 4,96%. Em agosto, também na mesma medida, o indicador alcançava 9,68%, ou seja, praticamente dobrou. A carestia está destruindo o poder de compra da população, sobretudo, a mais pobre. Para as empresas, a onda de remarcações de preços tira toda a previsibilidade da economia.
Como alertou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a instituição não pode fazer, sozinha, o trabalho de levar a inflação para níveis civilizados. É necessário a ajuda do Palácio do Planalto, que tem sido uma fonte constante de incertezas. Ao estimular a crise política, o governo incentiva uma corrida dos investidores por dólar como proteção. A moeda mais cara impacta toda a cadeia produtiva. No limite, as fábricas repassam custos aos consumidores.
Para piorar esse quadro, os agentes econômicos estão muito preocupados com os rumos das contas públicas. O Ministério da Economia tem tentado convencer os analistas de que a redução do deficit fiscal deste ano para menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) é para valer. Os especialistas, porém, não acreditam, por causa de ações populistas, como a proposta de parcelamento dos precatórios para que o governo possa reforçar o Bolsa Família, ou Auxílio Brasil, em um ano de eleição. As experiências anteriores mostram que, depois da porta arrombada, as estripulias prevalecem.
Do ponto de vista do crescimento econômico, o aperto monetário promovido pelo Banco Central é péssimo. O ritmo da atividade está em franco processo de desaceleração e as projeções apontam para crescimento abaixo de 1% no ano que vem. Juros mais altos encarecem o crédito, uma mola propulsora do consumo e dos investimentos produtivos. A taxa Selic maior veio a se somar ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Sem empréstimos, muitos setores ficam de mãos atadas. Isso vale, principalmente, para a construção civil e o automotivo.
Vale lembrar que, por todo o estrago cometido até agora pelo governo — que errou demais no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus —, o Brasil retornou ao ranking das maiores taxas reais de juros do mundo. Aqui, está em 3,34% ao ano, atrás apenas da Turquia, com 4,96%, numa lista que inclui 40 nações. Não é um troféu a ser ostentado, muito pelo contrário. Reforça o quanto há desajustes no país.
Espera-se que a ação do BC atinja seus objetivos e empurre a inflação de novo para a meta, que, em 2022, foi definida em 3,5%, podendo oscilar 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O controle do custo de vida é preponderante para que a economia retome a normalidade e o crescimento deslanche, resultando em mais emprego, melhor distribuição de renda e redução da pobreza. Qualquer caminho diferente deste será o desastre. Não é o que se deseja.
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Novo Brasil
O Brasil que foi apresentado em Nova York é bem diferente do Brasil em que estou vivendo. No Brasil apresentado, as coisas estão um colosso, ninguém substituiu a carne por um pedaço de osso. Ah! Eu queria estar naquele Brasil, onde não tem 14 milhões de desempregados; 19 milhões de pessoas passando fome; a economia vai de vento em popa; o “tratamento precoce” contra covid-19 deu certo; as famílias não estão endividadas; o poder de compra é invejável; o desmatamento está sob controle; o fogo não está destruindo a fauna e a flora. Naquele Brasil, o ar não tem cheiro de fumaça; não se usa fogão a lenha, o gás de cozinha está barato. Os veículos rodam de tanques cheios, porque os preços dos combustíveis levam meses para ser reajustados. Lá poderia se chamar: “Cantinho do Céu”. Sabe, vou para lá. Já me disseram que o caminho é a terceira via.
Jeovah Ferreira, Taquari
Transporte sustentável
Por menos ruído, fumaça e estresse! É o momento de refletirmos sobre o uso que fazemos dos veículos. Pensar em formas conscientes e ecológicas de mobilidade, pode ajudar a melhorar — e muito — a qualidade de vida, o ar e o trânsito. “Não queime combustível, queime calorias”. Chegou a hora das bicicletas.
José Ribamar Pinheiro Filho, Asa Norte
CPI da Covid
Transformadas em instrumentos de chantagem e mera pressão, as comissões parlamentares de inquérito perderam a relevância de outrora. Isso, muito em virtude do papel ativo da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal na investigação de malfeitorias público-privadas. Baixou-lhes o facho também a falta de moral dos congressistas para atirar a primeira pedra na direção de quem quer que seja. A CPI da Covid, no entanto, ensaiou ter lugar de destaque no noticiário por razões tortas, diga-se. Composta de senadores, a comissão parlamentar criada com o alegado intuito de destrinchar o universo das fraudes e corrupção ao longo da crise sanitária, com o viés de difamar e desmoralizar, poderia prestar bom serviço ao tema se contribuísse para reduzir à ignorância vigente no Brasil. Segundo pesquisa do Instituto Ipsos, somos o país onde há o maior número (62%) de pessoas que não acreditam na CPI. Nada sugere, contudo, que haverá contribuição positiva para reduzir o tamanho e o alcance da chaga, ao contrário: a julgar pelo elenco de convocados e pelas declarações antecipadas e protegidas por habeas corpus preventivo. Essa CPI está sendo uma grande lavanderia de roupa suja, bem ao gosto destes tempos em que a educação e o comedimento andam em baixa na escala de valores da sociedade. Boa parte se diz moderna, de esquerda, progressista, em contraponto aos ditos retrógrados, de direita, conservadores. Ora, o conservadorismo nem de longe se confunde com condutas primitivas. Ressalta o valor da polidez, cultiva o tradicional, não necessariamente o anacrônico, preza a formalidade e respeita os rituais. Tudo isso é depreciado pelos considerados de esquerda e nada disso está presente no cardápio dos que se dizem representantes da direita, mas que, na realidade, atuam para desmoralizar de antemão uma corrente existente na sociedade e que está sub-representada nesta nossa democracia ainda imatura, distante do ideal de pluralidade e convivência entre contrários.
Renato Mendes Prestes, Águas Claras
Castigo
O papelão do capacho de jaleco correu o mundo. O ministro doutor mostrou-se por inteiro. Envergonhou o Brasil. Não bastassem as sandices e mentiras do patrão dele, na ONU. Deus castigou. O dedão do grosseiro infectou-se com a covid. O desaforado paraibano cumprirá quarentena em Nova York. Seguirá à risca a receita do mito de barro. Dieta a base de cloroquina com chá de capim e salada de alfafa. Na volta ao Brasil, engessará o dedão para ir depor na CPI da Covid. A conta do tratamento e as despesas do hotel vão para o educado ministro da Controladoria Geral da União (CGU).
Vicente Limongi Netto, Lago Norte
Desabafo
Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição
Senhor ministro, a extrapolação com gesto obsceno não condiz com o cargo que assina. O dedo que queremos ver em ação é o polegar empurrando a ampola da vacina!
Marcelo Pompom — Taguatinga
A delegação do Bolsonaro, além de fazer um único discurso fake em Nova York, só foi transmitir covid para os americanos!
Washington Luiz Souza Costa — Samambaia
Inacreditável! Queiroga está com covid-19. Então, ele ousou desobedecer ao capitão, e não fez uso do kit preventivo (cloroquina e ivermectina)?
Joaquim Honório — Asa Sul
O gesto feito com o dedo pelo ministro Marcelo Queiroga é muito comum a urologistas, e não à especialidade dele, cardiologista.
Ivan T. de Pinho e Silva — Águas Claras
Bolsonaristas torcem para que Queiroga tenha um dedinho de melhora e volte logo ao país do desgoverno.
Alfredo Gonzaga — Jardim Botânico