Enquanto a primavera não traz as esperadas chuvas da estação, o Cerrado arde de forma impiedosa, devastando o pouco que resta da fauna e da flora deste relevante bioma nacional. Fogo e fumaça se espalham em diversos pontos do Planalto Central e deixam a qualidade do ar sufocante para as comunidades que residem mais próximas aos focos de incêndio, além de levar risco patrimonial a inúmeras residências. É um cenário de guerra que insiste em se repetir quase todo ano, sem que as autoridades públicas se comovam e atuem preventivamente para evitar essas tragédias constantes.
Mas se o governo central do país prefere mentir na tribuna da ONU em relação às questões ambientais brasileiras, proclamando ufanisticamente um oásis delirante, grupos voluntários cansados de esperar pela boa vontade dos políticos vão a campo armados de amor e lealdade à natureza para proteger recursos de valores inestimáveis. Na Chapada dos Veadeiros — a praia urgente dos brasilienses —, brigadistas voluntários se somam às escassas forças de bombeiros militares e lutam com bravura diante de um inimigo infernal. Não fosse por essa mobilização da consciência popular, vastas áreas de vegetação ainda preservada teriam se transformado em cinzas.
Desde julho passado, o Correio Braziliense vem mostrando os estragos provocados pelas chamas no Cerrado e o esforço heroico de mulheres e homens que se unem para combater a iminente extinção do bioma. É um povo tão valente e alegre que quase faz ressuscitar a esperança no futuro da humanidade. Com recursos próprios e financiamento de pessoas anônimas que respeitam e valorizam a preservação ambiental, grupos como a Rede contra Fogo trabalham dias e, especialmente, noites para apagar os incêndios florestais. Vida longa a estes nobres brasileiros!
À distância, talvez, nem todos percebam, mas o trabalho em campo mostrou a este humilde repórter que vos escreve como a população está disposta a se engajar em ações efetivas de proteção ao meio ambiente. Basta um alerta de fogo aparecer para que comunidades da Chapada dos Veadeiros se mobilizem para garantir recursos como alimentação, abrigo, equipamentos e combustíveis para as brigadas de combate aos incêndios florestais. Muita coisa está sendo feita à margem das políticas públicas , uma vez que as autoridades incompetentes parecem ter interesses diversos.
Fica registrado, portanto, o convite a todos os filhos deste vasto Cerrado: apoiem os voluntários da Rede contra Fogo. Acessem as redes sociais do grupo e participem das campanhas para arrecadar recursos indispensáveis para a salvaguarda da natureza. Neste momento, por exemplo, foi ultrapassada pouco mais de metade da meta para o desenvolvimento de um aplicativo de monitoramento e organização de ações para o combate às chamas. São iniciativas como essa que têm dado alguma sobrevida a valiosos ecossistemas. Participem! O futuro e o presente agradecem.
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