Visão do Correio

Alerta para o fim do ano

Correio Braziliense
postado em 24/09/2021 06:00

Ainda faltam mais de dois meses para dezembro, mas é preciso se antecipar: fim de ano vai ser o grande teste para a covid-19. No segundo Natal desde o início da pandemia, com a imunização de grande parte da população (69,5%), pelo menos com uma dose no Brasil e 38,5% totalmente vacinados, a expectativa de famílias e amigos para se reencontrar depois de tanto tempo de isolamento social e comemorar é muito grande. Para celebrar o réveillon, com desejos de que o próximo ano seja mais leve depois de quase 600 mil mortes pelo coronavírus e mais de 21,2 milhões de contaminados, muitos já se programam para a festa que pode resultar em aglomerações, seja em praias, seja em clubes fechados ou em outros espaços abertos pelo país. O outro desafio vem pouco tempo depois, com o carnaval. Ainda que algumas cidades já tenham definido que não vão permitir a festa de Momo no próximo ano, outras já estão se programando para aproveitar e faturar com a folia.

E são nessas festas que mora o perigo. Aglomerados nas comemorações em família, praias, eventos fechados ou nas ruas atrás do trio elétrico, o risco de nova onda de contaminação pela covid-19 ainda é muito grande, principalmente com o surgimento de novas variantes do vírus e o fato de que ainda falta uma parcela grande da população para ser vacinada com as duas doses, além da terceira injeção para pessoas que tomaram a primeira logo no início do ano e, portanto, já necessitam desse reforço.

O infectologista Carlos Starling, em entrevista ao Estado de Minas, alertou para os riscos de novos picos da epidemia e, consequentemente, o colapso do sistema público de saúde. A frágil política de enfrentamento do governo federal ao combate do vírus gera incertezas, o que, segundo o especialista, torna o futuro epidemiológico um tanto imprevisível. Para Starling, nos próximos meses — e pelo menos em parte do próximo ano — ainda viveremos sob liberdade vigiada.

É fato que todos estamos mentalmente esgotados depois de conviver com o vírus e sua constante ameaça durante meses e queiramos aproveitar as comemorações que tiveram de ser adiadas em 2020. Mas qualquer descuido neste momento pode jogar todo o esforço que vem sendo feito até aqui por terra. As vacinas disponíveis hoje não evitam a transmissão do vírus. Elas impedem a forma mais grave da doença e o risco de evoluir para internação e óbitos. Com as variantes do coronavírus que estão se alastrando pelo país, a abertura de fronteiras ao turista brasileiro e a livre circulação de pessoas entre cidades e estados, o risco de contaminação ainda é muito grande.

Sejam crianças e adolescentes (até 17 anos) que ainda não foram vacinados, pessoas que não tomaram a segunda dose ou qualquer outro indivíduo, mesmo já tendo recebido o imunizante, todos podem se contaminar e transmitir o vírus, retomando toda a escala de propagação de covid-19 no país.

Há casos de famílias inteiras contaminadas em uma reunião de almoço ou confraternização. Para evitar que isso aconteça, é importante adiar encontros ou reduzir a grupos pequenos, de preferência em espaços abertos, fazer uso de máscaras e álcool em gel e entender que o vírus vai perdendo a força com a vacinação em toda a população. A responsabilidade é de cada um, entendendo que já tivemos avanços, sim, com a média móvel de mortes no país abaixo de 500 pessoas diariamente. Importante se lembrar de que já houve data com mais de 4 mil óbitos em um só dia, no auge da pandemia. Portanto, ainda não dá para baixar a guarda, evitando ser surpreendido por novas ondas de contaminação.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação