OPINIÃO

Visto, lido e ouvido — Pegadas de destruição

Desde 1960 Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br
postado em 24/09/2021 06:00

Na sequência de fotos, em que aparecem diversas pegadas impressas na areia, o autor quer chamar a atenção para as flagrantes diferenças que os rastros deixados para trás por animais e homens causam na paisagem e, por conseguinte, ao meio ambiente. Os animais passam pelo local sem causar dano algum ao ambiente, deixando apenas as marcas de suas patas na areia. Os humanos, considerados o ápice da criação e os mais inteligentes e aptos entre os animais, deixam atrás de si uma verdadeira montanha de lixo, formada por produtos que descartaram no ambiente sem o menor cuidado. Essa é uma imagem frequentemente vista em todo o mundo. Por onde quer que os seres humanos transitem, logo é possível observar o rastro de sujeira, de lixo e de depredação ambiental.

Infelizmente, a sofrível formação, ou a inexistência, em educação ambiental reduziu os habitantes da maioria das grandes cidades espalhadas pelo mundo a perigosos bandos de selvagens, que, pouco a pouco, vão destruindo o planeta, num comportamento aparentemente suicida de quem retira o próprio chão sob os pés. O que ocorre em toda a parte dentro de nossas fronteiras e, particularmente, na região que escolhemos habitar no Centro-Oeste não pode ser traduzido por palavras, tamanha falta de sentido com que lidamos com os recursos naturais, que permitem nossa existência.

Os caudalosos e cristalinos rios que, há pouco tempo cortavam todo o cerrado, fazendo desse delicado bioma o berço das águas a irrigar todo o país e que, no passado, foi uma das principais motivações para a transferência da capital, do litoral para o interior hoje encontram-se, em sua maioria, ameaçados pela presença humana e por um tipo de exploração irresponsável da terra, que transformou os alimentos em commodities vendidas em dólar.

Em nome de um agronegócio, que desconhece o valor da vida e que serve ao enriquecimento de um pequeno grupo, é feita a transformação do cerrado em extensos latifúndios de monocultura transgênica, infectados por pesticidas de alto poder de toxicidade que avança sobre tudo e todos. Visto de cima, o Parque Nacional está praticamente cercado pelo agronegócio. O que ocorre, hoje, na Chapada dos Veadeiros e em todo o Parque Nacional naquela região, é uma queimada impiedosa, que se repete ano após ano, pela ação criminosa de grupos com interesses muito específicos e que precisa ser detida o quanto antes.

Aliado a esse poder de destruição, representado pelo agrobusiness, a Chapada dos Veadeiros experimenta, há alguns anos, uma intensa e descontrolada onda de especulação fundiária, que tem atraído para a região paradisíaca todo tipo de empresário: desde o bicho grilo dos anos 1970, disposto a explorar a área em troca de alguns trocados, até o alto empresário, que planeja transformar todo esse ambiente natural e exótico numa espécie de Disneylândia tupiniquim e obter lucros. O intenso fluxo de pessoas que circulam sem qualquer cuidado por essas áreas ao norte de Brasília, em busca de lazer, representa hoje uma ameaça a toda a região.

Cidadezinhas como São Jorge, anteriormente paraíso dos hippies e mochileiros, e onde a diversão era barata e certa, transformou-se numa espécie de um amplo resort de alto custo, com pousadas e restaurantes que cobram preços de Paris em pleno sertão. Nos fins de semana, a localidade fica intransitável, com todos os tipos de frequentadores — a maioria descompromissada com questões como preservação do meio ambiente. Não se enganem, o que ocorre hoje com a Chapada dos Veadeiros, consumida por um incêndio incontrolável, que já dura mais de 10 dias, decorre dessas pegadas deixadas pelos humanos por onde quer que andem.


A frase que foi pronunciada

“Com o governo não se brinca, e pelo governo não se briga.”

Filósofo de Mondubim


Gatos pardos
Em época de seca, onde os problemas respiratórios aumentam, na quadra 311 Norte, em um dos prédios, a limpeza do jardim é feita, o material orgânico é deixado no estacionamento da quadra e, à noite, colocam fogo, causando sério transtorno para os moradores. Curiosidade: o órgão Brasília Ambiental fica na mesma área.


História de Brasília

Há funcionários antigos, residindo em Brasília, com a família no Rio, enquanto que funcionários, vindos recentemente, solteiros recebem logo seus apartamentos.
(Publicada em 9/2/1962).

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