ASSEMBLEIA-GERAL DA ONU

Bolsonaro, vexame na ONU

Foram 12 minutos de cara de pau e muitas mentiras, num discurso que mirou a sua bolha de eleitores no Brasil e a extrema direita internacional, da qual agora é um dos mais importantes representantes no poder, ao lado de alguns líderes europeus, entre os quais o presidente da Polônia, Andrezej Duda, com quem se encontrou bilateralmente. A passagem de Bolsonaro pela 76ª Assembleia-Geral das Nações Unidas foi motivo de chacota entre os diplomatas da maioria dos países, protestos de brasileiros residentes em Nova York e muitas críticas da imprensa internacional. Para resumir, passamos vergonha.

Bolsonaro começou o discurso desta terça-feira (21/9) acusando a imprensa de não retratar a realidade do Brasil. Disse que o país mudou muito, que seu governo não registrou nenhum caso de corrupção e salvou o país do socialismo.

Acusou o BNDES de ter financiado obras em países comunistas sem garantias e se jactou de que houve redução de 32% do desmatamento em agosto. No balanço da pandemia, falou da vacinação em massa de adultos, mas defendeu o tratamento precoce e criticou os passaportes sanitários.

O presidente da República usou dados econômicos fora do contexto, para negar a recessão e o desemprego em seu governo. Anunciou que foram contratados US$ 100 bilhões em novos investimentos e arrecadados US$ 23 bilhões em outorgas, na área de infraestrutura, com a privatização de 34 aeroportos e 29 terminais portuários, além de investimentos privados da ordem de US$ 15 bilhões em ferrovias. Disse que o governo criou neste ano 1 milhão e 800 mil empregos, sem fazer referência aos 14 milhões de brasileiros desempregados que procuram uma colocação no mercado de trabalho. Também anabolizou as manifestações de 7 de Setembro, que classificou exageradamente como as maiores da História.

O resultado do discurso de Bolsonaro na ONU foi um fiasco internacional, mas o presidente da República não está preocupado com isso. Seu objetivo é emular seus partidários, mantendo o ânimo em torno do projeto de reeleição, muito abalado por causa da crise sanitária, da inflação e do desemprego, que se refletem nas pesquisas de opinião, cada vez mais desfavoráveis.

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